quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Tempo rigoroso


O meu bairro tem uma estação de caminho de ferro. Esta tem três linhas, um ascendente, uma descendente e uma outra, a do meio, multi-usos.
O acesso aos comboios que nela param faz-se por duas plataformas. Por cima destas, para além dos quadros sinópticos, por plataforma, dois relógios de duplo mostrador. Um total, portanto, de oito indicadores de passagem de tempo. Que nos dizem, se formos fazendo as contas, quanto tempo falta para a chegada da composição que esperamos, a seguinte. E origem de apostas, para os mais irónicos, se haverá coincidência ou não dos três pontos do espaço-tempo: a hora prevista e anunciada, a hora real e a presença do comboio parado para receber e deixar passageiros.
Mas estas apostas dependem, como tudo na vida, da relatividade dos factores considerados. No caso, da exactidão dos relógios exibidos pela CP, ou REFER se preferirem.
É que, nesta estação suburbana, cada um dos mostradores tem personalidade própria, adequada aos tempos de competitividade que vivemos. E cada um mostra um tempo diferente dos restantes sete. As variações vão de uns pouco segundos a uns espantosos minuto e meio.
Oito relógios iguais, do mesmo fabricante, recebendo a energia da mesma fonte, com indicações diferentes.
É uma demonstração prática de uma das leis de Murphy que, de cor, diz o seguinte: “Dois aparelhos de medida iguais, em idênticas condições, mostram resultados diferentes.”
Consigo imaginar os engenheiros de tráfego, questionados sobre a chegada da composição seguinte, responderem:
“Daqui a pouco!”


Texto e imagem: by me




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