terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Não em meu nome! - Not in my name!


Esta é uma fotografia do quarteto magnífico que se reuniu nos Açores para assumir publicamente a decisão de invadir o Iraque.
Da esquerda para a direita, para quem não os conhecer, são: Durão Barroso, Tony Blair, George W. Bush e José Aznar. À época, eram os responsáveis políticos máximos dos respectivos países.
A invasão do Iraque aconteceu pouco depois (e ainda dura), apesar dos argumentos apresentados para essa intervenção bélica se terem provado mais que falsos. Falseados por conveniências de vária ordem, nem todas ainda completamente esclarecidas.
O que já está perfeitamente esclarecido, mas ainda não terminado, é a quantidade de mortos civis nessa guerra injustificada: cifram-se em números de seis algarismos, ainda que as autoridades militares lhes chamassem – e chamam - “efeitos colaterais”!
Destes quatro magníficos, a vida política seguiu o seu rumo. Aznar foi afastado da ribalta, tal como Blair, algum tempo depois. Barroso trocou a governação do seu país, para que tinha sido mandatado pelo parlamento, pela governação da Europa. Bush, está a dias de ser substituído.
Nenhum dos quatro mostrou algum tipo de arrependimento pela decisão publicitada por esta altura e que já fez jorrar mais sangue que tinta que alguma vez correrá sobre eles. Nem os respectivos povos, Portugal incluído, apresentou algum tipo de pesar por essas mortes.
Mas a vida segue e a memória é curta. Pelos menos as dos que não viram morrer ou sangrar os seus parentes e amigos. Tal como daqueles que não esquecerão, passados que forem algumas dezenas de anos, que o museu de História de Bagdad foi saqueado e que as instalações militares dos invasores (que ainda por lá continuam) destruíram vestígios únicos da civilização.
E, com o passar dos tempos, os nomes destes quatro magníficos ir-se-iam desvanecendo, substituídos por outros que os mesmos ou outros interesses fizessem ascender ao proscénio da farsa a que chamamos mundo político.
A não ser uma pequena coisinha de nada, publicada hoje num jornal português, suponho que fazendo eco de murmúrios e atirar esterco à parede a que se dá o nome de interesses internacionais.
Refere o DN que, na sequência de um para breve novo referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa (como diz um companheiro: “Isto é uma democracia mas têm que votar onde eu mando!”) se irá criar a figura de um presidente permanente da União Europeia. E imagine-se qual o nome que anda nas bocas do submundo político: Tony Blair.
Exactamente aquele que primeiro apoiou Bush nesta guerra injustificada (haverá alguma que o seja?), baseada em argumentos falsos.
Não bastava este senhor ter estado à frente de um país que defende que “Europa sim, mas não tanto” (Shengen, Euro, etc.). Não bastava ter estado à frente de um país cuja posição internacional pouco mais é que um “Yes master” em relação aos EUA. Não bastava ser um dos rostos de uma declaração de guerra e invasão de um país soberano. Querem coloca-lo à frente de toda a União Europeia!
Consigo imaginar os sentimentos de quem viu e vê os seus parentes morrerem ou serem estropiados, as suas casas e bens serem destruídos, ao saberem o senhor Tony Blair a chefiar a Europa. Não creio que esses sentimentos, bem como os dos que lhes são vizinhos em espaço ou conceitos, sejam de molde a apaziguar ânimos e fazerem substituir o som das balas e mísseis por fábricas e risos.
Não em meu nome! Nem este senhor nem nenhum outro que tenha na sua consciência, se a tiver, sangue de inocentes a escorrer!
Não em meu nome!




Texto: by me
Imagem: algures na Web

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