O que é normal acontecer é não estarmos em casa quando a
sorte nos bate à porta. Desta vez estava.
Numa feira de rua, mensal naquele local, havia eu combinado
com um feirante habitual o comprar-lhe uma peça e o combinado era eu ir ter com
ele na feira do mês passado.
Acontece que nesse dia fazia um calor dos diabos e preferi
ficar em casa, adiando o feirar para o mês seguinte. Foi este domingo.
O homem, sabendo o comprador garantido, tinha o que eu
queria num canto da carrinha e foi buscar num momento de pausa de negócio.
No entanto, e apesar de ter ficado bem satisfeito com o que
ele me havia guardado (que há muito procurava, ainda que não com muito afinco),
os meus olhos prenderam-se nisto, quais os de uma criança perante um bolo de
creme (a sequência do bolo de creme no filme “Era uma vez na américa” é
deliciosa). E devem ter brilhado como faróis de nevoeiro quando me falou no
preço: 35€, uma obscenidade de barato.
Trata-se de um flash meter de 1968 completo como se vê, no
respectivo estojo e, para além da pilha que aqui se vê, tem outra dentro do
aparelho. Que trabalha bem certinho, verifiquei eu em casa.
O aparelho de per si já é peça incomum de encontrar. No geral
e em Portugal em particular, já que por cá poucos seriam os que os teriam e
lhes dariam uso. Completo como está, em bom estado funcional e estético, com
pilha de reserva (já não se fabricam e há que improvisar) e, ainda por cima com
o estojo de origem e com o respectivo manual de utilizador...
O único senão é o manual estar em alemão e eu não o saber
ler. Com o acréscimo de o funcionamento não ser tão intuitivo quanto isso,
principalmente estando nós habituados aos sistemas actuais. Mas não só acabei
por dar com a coisa como, depois de muito procurar, dei com uma versão em inglês
na web.
Não sou colecionador de aparelhos de medida de luz.
Acho-lhes graça, não apenas às soluções encontradas para o efeito como ao seu aspecto,
em que se procurava aliar forma com função. Alguns são verdadeiras peças de
arte.
Tenho alguns, que se vendem absurdamente barato os mais
antigos, muitos dos quais, e pela tecnologia usada, já não funcionam. Este,
apesar de ser um matacão e ter limitações, será uma peça de destaque entre os
que aqui tenho.
Tão cedo não terei uma oportunidade como esta: a sorte
bater-me à porta e eu estar em casa.
Pentax K7, SMC Pentax 50mm 1:1,2
By me


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