domingo, 16 de dezembro de 2018

Escravidões




Vejo um programa americano onde se faz um rasgado elogio ao facto de a China estar a investir na tecnologia. E, como exemplo, o facto de já quase se não usar dinheiro físico mas antes pagamentos como telemóvel.
Uma conta bancário, um aparelho e um contrato com um servidor de net sem fios e todos os negócios se realizam.

Desculpem lá qualquer coisinha, mas…
Então eu tenho que pagar a intermediários para fazer um negócio? Beber um café, almoçar, transportar-me, consumir água ou energia… E tenho que pagar a um terceiro para o poder fazer? Um terceiro e um quarto e um quinto… Intermediários que influenciam a sociedade, impondo o seu produto como sendo um necessidade insubstituível. Intermediários que assumem o controlo de tudo o que fazemos, registando as nossas actividades e deslocações. Intermediários privados ou públicos, que tudo supervisionam.
A cada momento que passa a privacidade deixa de existir para benefício e lucro de alguns e controlo de todos por parte de uma elite política e económica.

“Não quero ser escravo”, disse-me um dia um jovem quando pensava em procurar emprego. Bem válido, esta afirmação!
Mas enquanto nos deixarmos levar pela febre da tecnologia, enquanto deixarmos que a nossa privacidade passe pelas decisões de uns quantos, enquanto não pensarmos que o nosso pensamento e acção estão a ficar condicionados pelas elites sedentas de poder…
Seremos escravos, queiramo-lo ou saibamo-lo ou não.
Só para se ter uma ideia, imagine-se que hoje e em Portugal, as redes de comunicação ficavam inactivas por 12 horas. Nem negócios, nem levantamento de dinheiro nos ATM, nem entretenimento… Nem sequer a simples compra de um papo-seco num supermercado, se com cartões de débito ou crédito não funcionarem. Ou as caixas registadoras, ligadas a uma central. Ou, pior: a nossa identidade é posta em causa.

A pior escravidão é a consentida.



By me

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