sábado, 23 de janeiro de 2016

Reflexões



Hoje é dia de reflexão.

Em querendo fazer umas brincadeiras escritas em torno do termo “reflexão”, mas não me apetecendo ir fazer uma fotografia, fui fazer uma pesquisa no meu arquivo, tendo uns três ou quatro temas em mente. Vidros, espelhos, charcos, alguma coisa haveria de servir para o mote.
E dou com esta imagem, já velhota, de um vidro quebrado. Nele procurei a reflexão e a refracção. E foram ambas as que usei.
Mas o que foi importante nesta busca nem foi esta imagem que agora uso. Foi a que estava logo ao lado, duplicada que é de uma outra muito mais antiga.
Pese embora ter bem mais de um quarto de século, lembro bem onde foi feita, com que câmara, que objectiva, que película em preto e branco, que revelador usado, em que papel foi impressa… A impressão original está aqui, quase que ao alcance da mão, protegida da luz para que se não estrague.
Mas o que será importante nessa fotografia – um retrato – nem será nada disso mas antes o ter sido – e ainda ser – uma das mais polémicas fotografias que fiz.
Que ainda hoje (ou pelo menos da última vez que falei com a pessoa retratada) discutimos sobre se será um retrato ou uma fotografia.
Para mim era e é um retrato, a minha interpretação da pessoa que nela é visível, com toda a objectividade e subjectividade que a fotografia permite e implica.
Para a pessoa retratada mais não é que uma fotografia, não reflectindo a sua personalidade ou forma de estar no mundo.
Não creio que a distância – no espaço e no tempo – alguma vez venham a diminuir esta nossa divergência de opiniões. Até porque, passados que são mais de trinta e tal anos, do que fomos restam as imagens subjectivas das nossas mentes e memórias.
Mas ficará para sempre esse elo inquebrável entre fotógrafo e fotografado, feito de reflexões e refracções, sempre um pouco para além daquilo que a escrita da luz permite ver e saber.

Postas estas considerações mal-amanhadas sobre um tema complicado e que daria para muitos tomos se eu tivesse jeito para tal, tratemos de reflectir seriamente. Não sobre fotografia, significados, significantes ou interpretações, mas sobre o acto de amanhã.

E no que ele significa, mais do que sobre o passado, para o futuro.

By me 

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