segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Lixo em directo


No passado sábado fui um dos que assistiu ao debate entre o líder do Partido Socialista e a líder do Partido Social-democrata.
Devo confessar que, se o fiz, não foi com o intuito de me esclarecer sobre qual dos dois partidos receberá o meu voto no próximo dia 27. A minha opção tem sido, de há muito, votar no partido menos mau e nenhum destes preenche esse requisito.
Mas se vi o debate e, indo ainda mais longe, se o gravei foi para ver até que ponto estas duas pessoas conseguiam ir, sendo que os partidos que representam se encontram particularmente próximos nas últimas sondagens feitas. Valham as sondagens o que valerem!
E ambos conseguiram o feito de não me surpreenderem!
Desde logo porque, e tal como pensava, conheço gente que tem o hábito de dizer palavrões e de largar piropos pouco edificantes às garotas que passam e que conseguem ter discussões bem mais civilizadas e urbanas que aquela que vimos na TV. Com falinhas mansas estes dois conseguiram ser particularmente agressivos e insultuosos!
Em seguida, conseguiram também não esclarecer ninguém sobre os projectos políticos ou filosofias dos partidos que lideram. Centraram tudo, ou quase, o que foi dito sobre as duas pessoas presentes, o que pensam fazer e o que fizeram, como o adversário errou e como o próprio acertou, independentemente dos conteúdos programáticos ou estatutos dos respectivos partidos. Foi uma luta entre pessoas e não entre partidos políticos!
Acontece, porém, que no próximo dia 27 de Setembro, quando os cidadãos forem votar, fá-lo-ão em listas de candidatos a deputados, unidos por e representando partidos e respectivos programas e ideais de sociedade. Os dois que ali se apresentaram, mais não são, para além de líderes, candidatos a deputados pelos respectivos partidos!
Mas o que ali aconteceu foi ainda pior: Naquilo que foram dizendo, acusando e prometendo, foi assumido que os eleitores, ao votarem, o estarão a fazer para escolher o primeiro-ministro. Um de entre aqueles dois, garantidamente. Em tudo o que ali se ouviu não coube a possibilidade, eventualmente remota mas existente, de os portugueses darem mais votos a uma qualquer outra lista de um qualquer outro partido que não a do PS ou a do PSD. Como se a democracia, por cá, se resumisse à escolha entre duas pessoas de dois partidos e que os restantes mais não fossem que folclore ou paisagem. O que, manifestamente e há luz da democracia e da constituição, assim não acontece!
Neste debate de sábado vimos os lideres dos dois partidos até hoje mais votados a demonstrarem a importância dos seus próprios umbigos, esquecendo os seus correligionários de partido, os eleitores e as regras por que nos regemos.
Faz tempo que não via tanta porcaria em televisão!


Texto: by me
Imagem: in SIC

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