domingo, 13 de janeiro de 2019
Na web
A estória é velha e já não sei quem ma contou:
Nos tempos em que nenhuma senhora se atrevia a ir onde quer que fosse sem um chapelinho na cabeça, esta recebeu um convite-surpresa para uma festa nessa mesma noite.
Aflita por não ter nada de novo para exibir, foi numa corrida ao que então existia, uma modista de chapéus, para que lhe fosse feito um, original.
Sentou-a a especialista numa cadeira e, tirando de um armário um rolo de fita de cetim colorido, começou a enrolá-lo na cabeça da cliente. Voltas e mais voltas até que, em acabando, rematou com um alfinete comprido e decorado. E deu o trabalho por concluído.
A dita senhora, encantada com a perícia e imaginação, teceu-lhe rasgados elogios e perguntou-lhe pelo preço. Mas, perante a enorme quantia que ouviu, indignou-se por ser tanto apenas por um rolo de fita e um alfinete de pechibeque.
A costureira não se atrapalhou: tirou o alfinete, refez o rolo de fita de cetim colorido e, prendendo-o com o tal alfinete, entregou-os à cliente, afirmando:
“Minha senhora: a fita e o alfinete são oferta da casa!”
Vem esta estória a propósito de um episódio recente:
Num fórum a que pertenço, veio alguém pedir ajuda sobre um tema premente e que atrapalhava. A terreiro vieram duas pessoas, eu mesmo e outrem, oferecendo ajuda à medida de cada um. De graça, de borla, a troco de nada. Apenas porque a vontade de ajudar existe e porque cada um de nós também sabe o que é estar-se atrapalhado e ter que pedir ajuda. Que a vida é assim e no âmbito profissional também.
O que me incomoda, no meio de tudo isto, é a ingratidão de quem pediu ajuda. Passados que são quinze dias, e sendo que sei que as ajudas disponibilizadas já foram usadas, não veio a terreiro dar um obrigado.
Não é importante nem é este e outros casos semelhantes que me, melhor, nos impedirão de continuar a ajudar quem nos pede e casos possamos ou saibamos como.
Mas é uma boa forma de definir o que se passa na web: a esmagadora maioria dos seus utilizadores parte do princípio que esta serve apenas para seu próprio benefício, sem se preocupar em, para além de consumir os conteúdos disponibilizados, contribuir com algum tipo de conteúdo ou mesmo retribuir o que recebe.
Ficam os actos para quem os pratica!
By me
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