Fotografar
é medianamente fácil. Olhamos para o assunto, gostamos do que vemos, a luz é do
nosso agrado e apontamos a câmara. E deixamos o controlo de exposição aos
automatismos.
Alguns,
não muitos, interpretam ou avaliam as indicações do exposímetro da câmara,
seguindo as suas indicações ou conjugando as leituras com a análise da luz
existente, bem como das reflectâncias dos elementos na imagem.
Mas… e
antes de haver forma de avaliar e medir a luz através da câmara? Como era?
Usavam-se
aparelhos de medida, manuais e externos: fotómetros ou exposímetros.
A
diferença entre os termos (e sei que o segundo é estranho) está nas leituras
que neles podemos fazer. Os fotómetros indicam-nos a quantidade de luz em
“foot-candle”, ou “candela por pé quadrado”, havendo alguns que usam outra
unidade, o “Lux”. Dessa leitura, e conjugada com a sensibilidade do material de
registo luminoso, deduz-se tempo e abertura. Através de cálculos complexos ou,
o que é generalizado, usando uma escala de correspondências integrada no aparelho.
Por sua
vez o exposímetro apenas nos dá valores de exposição, ficando o seu utilizador
sem saber a quantidade de luz. Profissionalmente usam-se os primeiros, que nos
permitem fazer outros tipos de interpretação.
Grosso
modo, destes aparelhos de medida existem dois tipos: os que, ao receberem a luz
geram energia eléctrica que é quantificada ou os que, em recebendo a luz variam
a resistencia à passagem de energia eléctrica, resistência essa igualmente
quantificada. Nos segundos, é necessário fornecer a energia, em regra usando
pilhas ou baterias.
Ambos os
sistemas têm vantagens, sendo que os últimos são mais exactos quando existem
tipos de luz com temperaturas de cor extremas, muito altas ou muito baixas:
muitos azuis ou muitos vermelhos.
Mas… e
como faziam os fotógrafos antes destes sistemas existirem? Como mediam a luz ou
calculavam a exposição?
A
experiência, fruto de tentativa e erro, era a pedra de toque. Consta que alguns
fotógrafos, aquando do surgimento dos aparelhos de medida de luz, mesmo depois
de os usarem ajustavam as leituras obtidas às suas próprias experiências
visuais e de laboratório. Convenhamos que o rigor seria diminuto, mas a
satisfação por se obter o efeito desejado seria grande, certamente.
Mas
existia outro sistema que, ainda que dependesse da experiência do seu
utilizador, era um auxiliar precioso: o extintómetro.
O seu
sistema de funcionamento era relativamente simples: Olhando-se por um orifício,
fazia-se deslocar à sua frente uma cunha fumada, cuja transparência ia da
máxima até à opacidade. Quando o observador deixasse de ver parte do assunto,
parte essa que dependia da calibração feita pelo fabricante, consultava-se a
tabela do aparelho para se saber a relação tempo-abertura em função da
sensibilidade.
Método
estranho e de rigor bem duvidoso, mas na época fotografar, mais que uma
ciência, era uma arte ou artesanato, com tudo o que isso implica.
Ao longo
da minha vida havia visto apenas um aparelho desses. Em óptimo estado de
conservação, ainda razoavelmente rigoroso, pertencia a um companheiro de
andança fotográficas e lectivas. Que nunca se deixou convencer a vender-mo,
ofertar-mo ou mesmo deixar-se “roubar”. Quando ia a sua casa, ficava eu a
admira-lo, se não estivesse sacramentalmente guardado numa gaveta.
Há uns
tempos, numa feira de velharias no Jardim da Estrela, dou com um. Ao preço
pouco mais que simbólico de 15 euros. Confesso que se me tivessem pedido 3 ou 4
vezes esse valor, tê-lo-ia dado sem pensar muito. E, tão ou mais interessante
ou excitante o tê-lo encontrado, foi que quem o vendia não sabia como funciona
ou para que serve. Só depois do negócio feito lho expliquei.
Nos tempos
que correm, nem deu muito trabalho a encontrar referencias. Referencias ao
fabricante e data de fabrico, bem como o respectivo manual de instruções.
Para os que ainda pensavam que o jardim da Estrela não
é um mundo cheio de surpresas, espero que tenham mudado de opinião.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário