Não será o que há de mais bonito de contar, mas sempre aqui
vai: há uns dias fizeram-me um dos mais rasgados elogios que me poderiam fazer.
Gente que me conhece desde há muito terá comentado que, e
para além do meu desempenho profissional, eu era (ou sou) uma carta fora do
baralho.
É particularmente curiosa esta expressão, em que nunca tinha
pensado, mas que acho que se aplica perfeitamente.
Em qualquer uma das actividades que já exerci, tanto
individualmente quanto integrado em equipas de trabalho, sempre fui o crítico,
o que procura entender antes de executar, o que procura a justificação teórica
e prática que melhor permita o resultado final.
E se isto é fácil e natural em tarefas ou trabalhos
individuais, em equipa a coisa é mais difícil. Que muitos são os que, mesmo
fazendo muito bem o que deles se espera, o fazem de forma mais automática, sem
questionarem ou ponderarem os porquês do como desempenham as tarefas. E haver quem
questione, quem pare para pensar, quem não seja um “Maria vai com as outras”,
pode dificultar o trabalho do conjunto, mesmo que o resultado seja tão bom ou
melhor que o previsto. E nem sempre o será.
Acontece que nunca deixei ter em mente uma forma de agir: “Se
eu souber porquê, sei como”. Mesmo que isso signifique ter ouvido, num outro
contexto e num outro tempo, que “É bom haver sempre alguém que sabe por um
pauzinho na engrenagem”.
Talvez que o ser uma carta fora do baralho seja uma
perturbação da vida regular, monótona e tranquila para muitos. Mas não sei ser
de outra forma e dizerem-no é, do meu ponto de vista, um valente elogio.
Sem comentários:
Enviar um comentário