Façamos um pequeno
exercício que, pela sua impossibilidade, não passa disso mesmo - um exercício
de imaginação:
Supúnhamos que, por um
qualquer motivo, durante cinquenta anos apenas uma meia centena de pessoas
frequentava por ano o ensino superior ou profissional em Portugal. E imaginemos
também, para reforçar o exercício, que todos tinham excelente aproveitamento.
Passado este meio século,
teríamos uma sociedade de “incultos”, de gente que não saberia trabalhar com os
equipamentos que hoje existem que não fosse pelo hábito, teríamos médicos,
engenheiros de diversas áreas, especialistas de tudo em final de vida.
Teríamos também umas
duzentos cinquenta pessoas altamente qualificadas que, por serem tão poucas e
considerando o sistema de procura e oferta, se fariam pagar a peso de ouro,
aplicando os seus saberes às elites endinheiradas, ficando todos os restantes
sem canos, medicamentos, diagnósticos, motores, sistemas eléctricos, casas,
trigo, bifes e tudo o mais que hoje usamos e de que queremos mais e melhor.
Deste exercício de
imaginação se pode concluir com facilidade que o sistema ensino-aprendizagem é
vital para a sociedade. E que, como tal, deveria ser realmente gratuito, fosse
qual fosse o grau de qualificação que se considerasse. E não o mero
“tendencial” que a lei prescreve! Dando oportunidade a que quem tenha
capacidades para ir longe no saber e no fazer o possa sem que isso seja um
exercício de economia familiar. Trata-se de um investimento que a sociedade faz
hoje para colher no futuro. Não tão distante quanto isso!
E, já agora também,
considere-se que o que a imagem ilustra não pode ser a realidade. Nem o seu inverso!
Nem os alunos são burros e os professores déspotas, nem os jovens os reis e
senhores e os mestres os elos mais fracos.
Neste jogo de “aprender e
ajudar a aprender”, cada qual tem o seu lugar e igual importância. E se ambas
as partes de tal estiverem cientes e não se tratarem como adversários numa
arena de mesas e cadeiras, todo o trabalho acontece com muito mais facilidade e
resultados positivos.
Que é o que ambos querem
e a sociedade deseja!
By me
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