terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Ao calhas



Ainda não tenho a minha “biblioteca” disponível por inteiro.
Por isso, e ao invés de recorrer a um livro, recorri a um post antigo. Também ao calhas.

“Por vezes faço isto: Mais ou menos ao calhas pego num livro, abro-o igualmente ao calhas e deixo que os meus olhos se prendam num qualquer parágrafo.
Isto foi o resultado do exercício de hoje, pouco depois de acordar. A imagem foi feita, também mais ou menos ao calhas, para acompanhar a citação.

“Outro critério de fracasso é o do desenquadramento e da descentragem: herdados das regras da composição pictórica em perspectiva, a expectativa que se tem de uma “boa fotografia” é que o motivo principal esteja centrado, situado no eixo do olhar, ao mesmo tempo que respeita o equilíbrio da divisão da superfície em três terços horizontais e verticais. Mesmo vazio, o centro propõe-se como ponto de referência, comandando a organização geral da fotografia. A expectativa do centro como ponto forte das imagens que se julga representarem a própria vida mostra até que ponto a convenção representativa corrompe esta imagem privilegiada, porque vestígio, da ideologia (*). A vida, o real, terão eles centro?

(*)A centragem não é apanágio da fotografia: encontra-se também de forma sistemática no cinema, em particular no cinema clássico hollywoodiano. Foi a pintura que, após ter instituído o Quattrocento, pôs em causa, pelo menos desde o séc. XIX, a centragem na representação visual.”

in: “A imagem e a sua representação”, by Martine Joly, Edições 70, pag 95”


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