O tipo de ofício que tenho proporciona estas situações, que
os horários são demasiado malucos e instáveis:
Ontem um colega viu-se na contingência de ter que levar a
filha para o trabalho.
Coitada da pequena, que frequenta o 4º ano, lá se ía
entretendo como podia, sem atrapalhar o que ali se faz. E a dado passo, talvez
que as minhas barbas tenham sido um incentivo, veio perguntar-me se haveria papel
disponível para escrever ou desenhar.
Claro que havia e indiquei-lhe onde. E ficámos um nico de
conversa na qual acabei por lhe contar a história do Joãozinho e do seu barco.
Contá-la-ei aqui noutra ocasião.
Mas, na sequência disto, acabámos por falar de aviões de
papel, de como fazer e quais os modelos.
Enquanto eu lhe mostrava um deles, dobrando e vincando a
folha com afinco e rigor, qual engenheiro aeronáutico, lembrei-me de tantos
produtores de imagem, estática ou animada, que tanta questão fazem em “dobrar”
a imagem a meio com o horizonte, ou de lhes aplicar regras matemáticas exactas,
como o número de ouro, ou ainda algoritmos digitais aplicados às cores e luzes,
deixando de parte o equilíbrio, a harmonia subjectiva, a criatividade, o
expressar da alma.
Se a estética se resumisse a fórmulas e regras, há muito que
os computadores teriam produzido obras-primas igualáveis apenas por outros
computadores.
By me
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