Esta fotografia
foi feita por um conhecido. Com o meu telemóvel.
Na sequência da
conversa que estávamos a ter, entreguei-lhe o aparelho pronto, disse-lhe para
segurar nele e premir o respectivo “botão”.
De seguida
perguntei-lhe o que acabara de acontecer. E a resposta foi a do costume: “Tirei
uma fotografia.”
Neguei a sua
afirmação e disse-lhe que acabara de fazer de deus. Um deus qualquer, não
importando o nome ou a origem.
Que com os seus
gestos, e usado de três tipos de energia (a da luz, a do aparelho e a sua
criativa) havia produzido algo que não existia segundos antes. E é isso que os
deuses fazem: criar do nada a partir de energia. Fazer coisas!
A consequência dos
actos deste meu conhecido foi o “fazer” de uma fotografia, não o “tirar” uma
fotografia.
Que temos o verbo
tirar como negativo, enquanto que o fazer é positivo.
Tenho feito este
exercício prático com conhecidos de proximidade e com desconhecidos que o acaso
coloca de conversa comigo.
E o resultado deste
exercício, bem como do resto da conversa, em regra deixa-me satisfeito. O que
vejo nos seus olhos, quer seja a dúvida do “isto será mesmo assim?”, quer seja
a dúvida “ele será mesmo louco?” deixa-me com a certeza de ter provocado alguma
dúvida e uma brecha nas certezas que as palavras nos dão, em particular aquelas
que usamos sem pensar.
E ter dúvidas ou
colocar em causa as certezas antigas é, talvez, a coisa mais inteligente e
produtiva que o ser humano pode fazer.
By me
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