E porque as ideias
são como as cerejas e porque alguém puxou o tema, eis um episódio que vivi com
alguns alunos, há já um bom pedaço de tempo.
A escola decidiu
passar a fazer constar do currículo um módulo de história da fotografia. Decisão
tomada “assim a modos que de repente”, a meio do ano e válida para todos os
anos dos cursos. Incluindo o terceiro, ano final, em que parte alunos estavam
mais preocupados com as diversas vertentes do vídeo e como fazer a prova final que
com a fotografia, discutida e posta de parte no já distante primeiro ano.
Tocou-me em sorte
o módulo e a decisão, ainda que contestada por mim, impunha-se e havia que a cumprir.
Optei por levar o
módulo para os finalistas em modo “levezinho”, tentando que fosse tão apelativo
e simples quanto o possível. E recorri até à exaustão ao que na altura era
novidade para a esmagadora maioria: as tecnologias de informação e as imagens
digitais.
As aulas eram
passadas a ver e discutir fotografias que eu digitalizava em casa a partir de
livros e ali projectava com o raro projector de vídeo que tínhamos. Outros
tempos!
Na aula da penúltima
semana entreguei a cada um uma disquete. Nela constavam quatro fotografias e um
pequeno texto em que pedia para identificar autor, corrente estética, geografia
e condições técnicas… Com a informação final de que poderiam consultar o que
quisessem.
Aquilo era a
avaliação do módulo e teriam que me entregar o trabalho oito dias depois. Melhor
que isto…
Melhor que isto só
mesmo o facto de todas as imagens estarem na biblioteca da escola e que três
delas haviam sido discutidas em sala. Esta incluída.
No prazo previsto
todos me entregaram o trabalho impresso. Quatro fotografias, quatro respostas,
todas certas.
No caso específico
desta imagem, de Man Ray, identificaram correctamente o autor e o que mais
sobre ela perguntava, sendo que haviam encontrado um texto na net bem
explicativo.
Só que a página
era em Inglês e não tiveram a coragem de fazer copy/past sem mais. E
passaram-no por um tradutor automático. O mesmo texto para todos, sem o reverem
ou alterarem um nico de uns para os outros, só para disfarçar.
Como consequência,
o autor da fotografia passou a chamar-se, neste trabalho, “O raio do Homem”.
Depois disto, quem
tem a coragem de dizer que eu sou um mau tipo, se souber que não bati em nenhum
dos alunos?
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário