Ontem aconteceram
em Lisboa duas manifestações. Não sendo inédito, é coisa rara e só me recordo
de outra nos tempos recentes: quando o programa de governo do segundo de Passos
Coelho foi chumbado, dando origem ao actual, e em frente da Assembleia da República
se juntaram apoiantes e contestatários de uma e outra ala parlamentar.
No caso de ontem,
uma aconteceu sob o lema de “Em defesa da escola pública”. Para quem não saiba,
surge ela como resposta de apoio à decisão governamental de terminar contratos estatais
com escolas privadas em locais onde a escola pública tem a oferta de educação
que se espera que tenha, de acordo com a Constituição.
A segunda, tendo
acontecido a uns 500 em linha recta da primeira, não terá o nome formal de “manifestação”.
Os seus organizadores preferem usar o nome “Marcha do orgulho LGBT”. Existe
ela, anual e regularmente, para reivindicar perante a lei e as mentalidades o
direito à igualdade, seja qual for a orientação sexual ou a forma de afecto.
Interessante será
de notar que quando a primeira manifestação tiver sucesso e conseguir que a
escola pública chegue a todos e fazer passar a todos o direito à igualdade
entre seres humanos, seja qual for a sua condição, a segunda deixará de fazer
sentido. Pois nessa altura as diferenças serão consideradas como normais e as
orientações sexuais de cada um em nada condicionarão o seu lugar na sociedade. Tal
como as diferenças de pele, de credo, de condição física, de origem…
No dia em que a
escola pública faça chegar a todos os jovens o sentir e saber que somos todos
diferentes porque todos iguais, as duas manifestações de ontem serão anacrónicas.
By me
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