Por vezes temos
destas surpresas e curiosidades!
Veio parar-me às mãos
um livro interessante, do ponto de vista histórico. Intitulado “Tirée par… A rainha
D. Amélia e a fotografia”, é uma colectânea de fotografias da rainha e feitas
pela rainha, no final do séc. XIX e inícios do séc. XX.
Fotografias
formais, descontraídas, de cerimónias, de passeios, de visitas oficiais, no país
e no estrangeiro… interessante.
A preciosidade, do
meu ponto de vista, é esta fotografia da rainha.
Feita por Vidal
& Fonseca, em Lisboa e algures entre 1890 e 1899, trata-se de uma fotografia
de estúdio, como tantas outras.
A retratada de pé,
provavelmente com algo atrás, ainda que oculto, onde se encostar para evitar imagens
tremidas, uma luz suave, um fundo pintado e esfumado… uma fotografia normal
para a época não fora o facto de a perspectiva ser demasiado baixa para a época.
Se observarmos
bem, o eixo da objectiva encontra-se a, talvez, um metro do chão e não perto da
altura do rosto ou olhos como era e é habitual.
Esta questão, que
não é certamente uma limitação técnica, não é de somenos importância. Se
atentarmos ao olhar da retratada, constatamos que ela olha para além a acima de
nós (e da câmara) numa atitude de quem vê mais do que apenas o que a cerca.
Quase como que se a câmara (ou o espectador) ali não estivesse.
É esta perspectiva
contra-picada (de baixo para cima) que faz desta fotografia algo de especial, que
transforma uma fotografia num retrato, que justifica o livro e que me fará ir
em busca demais trabalhos do estúdio onde foi feita, para tentar saber se terá
sido uma opção pontual neste trabalho ou uma abordagem usual dos seus fotógrafos.
Nesta pesquisa
tenho para procurar, e para além da obra referida no livro, o arquivo fotográfico
municipal de Lisboa, duas bibliotecas específicas na matéria, a minha própria
biblioteca e algumas pessoas a quem farei algumas perguntas.
Mas não me peçam
prazos, por favor.
By me
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