sábado, 8 de novembro de 2025

Talvez Maria




Atravessou a rua, deixando para trás os seus amiguinhos, direita a mim.

- Olhe, dava-me um cigarro?

Olhei para a sua juventude e, segurando a câmara na mão esquerda e o cigarro acesso na direita, perguntei-lhe:

- E já tens idade para fumar?

- Faço dezassete anos para o mês que vem! – respondeu-me, não sei se mentindo se não.

Olhei-a de alto a baixo, dei-lhe o benefício da dúvida e atirei-lhe:

- Troco! Um cigarro por uma fotografia dos teus olhos!

Riu-se. Um riso que ficava algures entre a surpresa e o nervosismo.

- Uma fotografia dos meus olhos? Uhhhhh…. Pode ser!

Dei-lhe o cigarro, posicionei-a na melhor luz, olhei para câmara, afinei-a e, quando levantei os olhos, quase que tive que lutar para fazer o que aqui se vê. Os seus amigos tinham atravessado a rua e, p’la fé de quem eram, haveriam de ficar na fotografia também.

Mas não! O negócio tinha sido com ela e apenas dela haveria de guardar o olhar.

 

O que não guardei foi o seu nome, que no meio da confusão que se gerou nem tive oportunidade de o inquirir. Talvez seja Maria, a Estudante.

 

 

Pentax K7, Sigma 70-300


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