terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Inutilidades




Tenho em casa muitos objectos inúteis.

Não se tratam de elementos decorativos domésticos mas antes de coisas que fui adquirindo ao longo dos anos para fins fotográficos.

Ou porque os achei particularmente bonitos, ou porque os considerei um desafio, ou porque os entendi com simbólicos para um qualquer assunto a desenvolver... em regra são de pequeno valor e volume e vão ficando em caixas depois de cumprirem a função prevista.

Um há, no entanto, que ainda não cumpriu. Por outras palavras, ainda o não fotografei.

Comprado por capricho num dia mais ou menos banal mas que se veio a tornar especial, ainda não tinha encontrado nem forma nem motivo para ser a ilustração de qualquer coisa ou o motivo para sobre ele dissertar. Apesar de ser medianamente volumoso, tem vindo a acompanhar-me de casa em casa à espera da sua oportunidade.

Há coisa de um ano, em vendo-o num caixote de permeio com outros monos de que ainda não me desfiz, decidi que já só voltaria a ele num momento específico, bem íntimo com o momento em que o adquiri.

Ali tem estado fechado, espicaçando o fotógrafo que sou, sempre com a reserva de dia e simbolismo. E com o desafio sempre presente de não saber como o irei fotografar.

Se nada me surpreender, hoje será o dia. Em chegando a casa mais logo e já depois do sol pôr, irei buscá-lo onde está, olharei para ele e tentarei encontrar um solução visual. E, passados anos, uma inutilidade deixará de o ser. Após o que tomará o rumo de tantas inutilidades que se me atravessaram na vida.

Nota adicional: como se deduz do texto, este não é o objecto em causa.

Pentax K7, Sigma 70-300


By me

Sem comentários: