terça-feira, 26 de maio de 2009

Sobre gaffitis


Pessoas há que abominam os graffitis. Por mim, até lhes acho graça!
Por um lado, o acto de os fazer é um puro acto de rebeldia, de inconformismo. O fazer o proibido, às escondidas de quem fiscaliza ou se pode queixar, tem algo de romântico que me atrai, ainda que não os faça.
Por outro lado, uma cidade limpinha, sempre em consonância com o que os arquitectos desenharam e conceberam é demasiado certinha para o meu gosto. O escrever coisas nas paredes, ou nelas afixar coisas, faz da cidade um espaço vivido, com pulsação, em que os seus habitantes tratam de a moldar a seu gosto, que até pode ser discutível, mas que não tem que ser em exclusivo o que saiu das pranchetas e que tem o carimbo de “aprovado” do município.
Por outro lado ainda, prefiro que a questão da definição de territorialidade seja afirmada por escritos nas paredes, com tinta, a que seja com sangue, no empedrado da calçada durante uma rixa.
Por fim, os graffitis servem para pôr à prova a nossa imaginação de várias formas. Quer seja para tentar ler o que consta ali, quer seja para tentar descortinar quem e com que aspecto o fez. E, enquanto o fazemos, o tempo vai passando, sendo menos penoso o esperar pelo comboio, autocarro ou a hora do encontro.
Claro que mais pode ser dito em prol dos graffitis, nomeadamente o sentido de liberdade que os seus autores possuem ao ficarem indiferentes com o espaço disponível e usarem tão só aquele que querem. Esquecendo por completo os limites da superfície. Mal comparado, ou talvez não, talvez que só sejam compatíveis com os autores de graffitis os autores das pinturas e gravuras rupestres dos nossos antepassados pré-históricos.
Poluição visual urbana? Nem de perto nem de longe!


Texto e imagem: by me

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