segunda-feira, 6 de abril de 2009

Músicas


Noutros tempos, algumas noites eram passadas assim:
Direitos a Campo D’Ourique, jantar no Velha Goa. Cozinha indiana que se recomendava, apesar de não ser barato, na altura.
Depois de excitadas as papilas gustativas e apaziguadas com um bom vinho – regra geral do Dão – descíamos para a cave.
A conversa continuava entre copos, as mais das vezes os que trazíamos de cima.
Até que as luzes baixavam e ficávamos a ouvir.
Rão Kyao.
Umas noites a solo, outras com acompanhamento.
Não havia quem não se deixasse levar pelo seu ritmo, pela alma que impunha no seu sax.
Quando acabava, encostava-se aos clientes e com eles fica à conversa um pouco. E voltava ao minúsculo palco para mais um bom pedaço de prazer acústico.
Saíamos sempre com pena de ter terminado.

É este tipo de música que também podemos encontrar nas Ramblas ou no Barri Gotic de Barcelona.
Sem nos esforçarmos muito.
Sem termos que pagar bilhete.
Pagando apenas aquilo que o nosso prazer nos mandar.
Como este saxofonista em que tropecei.
E onde me deixei ficar, sentado nuns degraus de pedra. Com mais não sei quantos mais que ali estavam. Sorrisos cúmplices entre a plateia e de agrado para o artista quando parava para descansar.
O tempo parou ali, entre aquelas pedras centenárias.



Texto e imagem: By me

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