quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A menina das tintas



Esta fotografia tem nove anos, mais ou menos quinze dias, e faz parte de uma série que vou mantendo, agora com menos frequência: "Um olhar".
Publiquei-a na altura com o seguinte texto:
"Era tímida e foi o cabo dos trabalhos para conseguir convencê-la a deixar-se fotografar.
O que não consegui foi que me desse o seu nome.
Sendo que estávamos numa loja de artigos de belas-artes, foi assim que a baptizei, disse-lho e aceitou-o.
Ficou!"
Aquilo que na altura não poderia contar foi o que aconteceu uma ano depois:
Entrando na mesma loja, a Menina das Tintas veio ter comigo e perguntou o que havia eu feito com a fotografia que lhe havia feito e se a poderia ver. 
A internete tem destas coisas e mostrei-lha de imediato. Gostou.

Uma demonstração para além de qualquer dúvida da importância que os fotografados dão às fotografias que lhes são feitas, muito mais que a importância que quem faz fotografia dá ao resultado do seu trabalho. As mais das vezes.
Que uma fotografia, mesmo que dela nos recordemos, é "mais um troféu", é mais "uma" fotografia.
Mas o fotografado, quer se trate de uma fotografia de estúdio ou uma ocasional algures fora dele, considera cada uma como especial. No fim de contas, está ali um pedaço dele/a. Naquele breve instante da obturação, foi o centro do mundo e ele parou para isso. 

Convém que nós, que fazemos fotografia por profissão ou por devoção, tenhamos em conta o que pensa cada fotografado, o que sente cada fotografado. 
E que respeitemos aqueles que se deixam fotografar e ajudam a encher a nossa colecção de troféus. 

By me

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