Mão amiga fez chegar à
minha este aparelho, já lá vão uns sete anos ou coisa parecida..
Trata-se de fotómetro (em
boa verdade é um exposímetro, já que não indica candelas por pé quadrado mas
tão só permite calcular a exposição em função da luz existente.
A sua marca é “Superlux”,
tendo atrás a referencia adicional “Edla”.
Nunca tinha eu visto ou
lido sobre este aparelho, que se encontra num estado quase perfeito. Uma
análise mais atenta informa-nos que já aconteceu uma tentativa de abertura, já
que lhe falta um parafuso minúsculo. Talvez que procurando colocá-lo em
funcionamento, o que seria impossível. O seu sistema de reacção à luz é antigo
e a célula tem uma capacidade limite, naturalmente já extinta.
E este “naturalmente”
advém deter sido fabricado nos anos trinta do séc. XX. Por aquilo que consegui
apurar, foi fabricado na Hungria, tendo a Kodak usado a patente e o mesmo
modelo sob o nome de “Kodalux”.
Acrescente-se que este
aparelho possui uma característica invulgar para a época: permite medir a luz (ou
calcular a exposição) num ângulo muito restrito (oito graus, pelas minhas
contas) usando um sistema muito simples de favo-de-abelha no seu interior. Com
o adicional depossuir um sistema de mira, permitindo-nos saber que zona em
frente de nós estaria a ser medida. Engenhoso e funcional.
Claro está que ter este
aparelho arcaico e bonito (muito bonito) nas mãos me levou a partilhar a sua
existência com diversas pessoas, em particular quem está ligado ao uso da luz
no seu ofício. Que desencanto!
A maioria dessas pessoas
pouca importância lhe atribuiu. Nem à sua beleza, nem à sua antiguidade e menos
ainda à forma original de funcionamento. Para essas pessoas, o mais importante
no que toca a equipamentos é a modernidade, a novidade, o último grito. O que
foi passado, mesmo que já tenha sido o último grito, é passado e pouco importa.
Mesmo que de ontem.
Quem deu mais valor ao
aparelho, enquanto ferramenta e enquanto objecto, foram pessoas que pouco se
relacionam com o ver, analisar e captar luz. Entenderam estas pessoas o “valor”
histórico, a raridade do seu funcionamento e ficaram solidariamente satisfeitas
comigo por ele ter sobrevivido à voragem do tempo.
Fica um aviso a todos
aqueles para quem o último grito da tecnologia é o mais importante:
Todos esses “últimos” em
breve, muito breve, serão passado e arcaico. E quem não souber dar valor ao que
fomos, às raízes do que somos, dificilmente será um bom utilizador da
modernidade. Mais não será que um consumidor compulsivo daquilo que os
fabricantes colocarem no mercado, correndo ao ritmo das vendas e dos lucros.
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