terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Métodos



O quarto objecto a sério para fotografia que comprei, há quase quarenta anos, foi um fotómetro especial: um spotmeter. No caso, um Pentax digital, de um grau de leitura.
Queria eu seguir as pisadas dos mestres, fazendo as leituras de luz com o máximo rigor possível. Influenciado por eles e por um mestre e amigo, professor de fotografia que mais tarde irmanei nessas andanças.
Possuo ainda o aparelho, mas não o mestre, que já faleceu.
A prática veio a reduzir o uso de tal aparelho, bem como o ter adquirido, passados muitos anos, um outro, mais moderno e multi-funcional.
Esta forma de medir a luz, que muitos pensam ser facilmente substituível pelas leituras das câmaras, com os seus sistemas programados, é de tal forma rigorosa que, não a sabendo bem usar, resulta em disparate. Muitas vezes em imagens mal expostas.
Na verdade um spotmeter, mais que nos indicar a exposição correcta em função da luz existente e da sensibilidade do material, permite-nos medir contrastes. Qual ou quais os contrastes de luz no assunto toleráveis pelo suporte lúmico e, em função disso, tomar as respectivas decisões. Tanto na tomada de vista como no processamento posterior.
A fotografia digital, com os ajustes no computador, permitem uma multiplicidade de correcções. Nos contrastes, de intensidade e de qualidade, no detalhe, nas calibrações cromáticas…
Mas não saber antecipar o resultado final acaba por resultar, todo esse processamento, em “remendar” aquilo que correu menos bem no momento da obturação.
O treino de olhar e aquilatar as diversas reflectâncias é fundamental. Um olhar treinado pode resolver muitas situações, mais a mais ajudado pelas imagens de teste que se possam fazer a analisar no momento. Uma das vantagens dos sistemas digitais de captação de imagem.
Mas o para pensar, o medir e decidir, mesmo que mal, será a base de todo esse treino e os consequentes bons resultados.
Nos tempos que correm o uso de um spotmeter não será vital. Os sistemas de medição das câmaras, nas suas diversas variantes, podem substituir esses aparelhos. Com a vantagem de não se ter que carregar com tanta tralha, de se ser mais discreto (se essa for uma necessidade) e de serem mais baratos os conjuntos em que investimos.

Actualmente possuo dois spotmeters que referi. Na prática, e no quotidiano, não os uso. Encontrei outras formas ou métodos que me vão satisfazendo.
No entanto, volta e meia, lá saio de casa (ou mesmo dentro dela) e faço o gosto aos dedo (e ao olho): Medições rigorosas antes de tomar decisões de exposição.
Com isto, vou recalibrando olho e mente, tentando garantir que as operações que realizo estão correctas. Se quiserem dizer de outra forma, vou fazendo exercícios de reciclagem e treino.
Não serei perfeito no que faço. Nem pouco mais ou menos. Mas vou fazendo o possível por conseguir que o faço corresponda com o que vi com o olho da alma. E, para isso, preciso de luz.

Na imagem, roubada da net: Capa do manual de um dos primeiros spotmeter, que não possuo, dos anos 30/40 do séc. XX.
By me

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