A história passou-se há já mais de trinta anos, na praça do
Rossio, em Lisboa.
Um polícia agarrou uma mulher jovem, que estava sentada numa
esplanada, com o intuito de a levar para a esquadra, a uns trezentos metros de
distância.
Em resposta, ela desferiu-lhe um potente pontapé entre penas
que eu sei que não acertou em cheio porque ele ficou de pé, tamanha foi a
violência.
Em resposta, recebeu um tabefe de tal forma que a virou a
ela, à cadeira, à mesa, tudo de valente ferro como é hábito nas esplanadas.
A partir daí foi a confusão total, com agentes da PSP a
surgirem nem sei de onde e um montão de civis a lutarem com eles. Um
pandemónio!
Eu acabei por ser detido e levado também para a esquadra,
pese embora não me ter envolvido no desacato que não apenas por o ter
fotografado. E fui libertado passados poucos minutos, após ter esclarecido qual
o meu papel naquilo tudo, com uma “ajudinha” do meu cartão profissional, que
abre (ou abria) muitas portas. Incólume e sem agressões, ao contrário de todos
os que ali vi entrarem.
Isso não me impediu, no entanto, de ser interpelado já cá
fora pelo polícia com quem tudo aquilo tinha começado. Quis ele saber se eu
havia fotografado o portentoso pontapé que havia recebido.
E, perante a minha negação, desabafou:
“Pois! Quando são os polícias a dar porrada há sempre
fotografias! Quando são eles a apanhar, nunca há!”
Não serve este episódio para justificar coisa nenhuma, nem
servir de exemplo a nenhuma moral que dele se queira retirar.
Mas certo é que ele, o polícia, estava correcto. E continua
a estar, passados todos estes anos.
Nota adicional – A imagem não é desse episódio, arrumada que
está num arquivo de negativos bem desorganizado e que não apenas não está
digitalizado como não me apetece ir, agora, vasculhar.
By me
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