quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
D'arquivo
“Chovia”, contou ela. “E chovia bem!
E logo naquele dia em que tinha mesmo que ir ao banco. Não tinha forma de não ir.
Agora estás a ver: a meio da manhã, a chover daquela forma, encontrar lugar para estacionar o carro nas avenidas novas… quase que só mesmo por milagre.
Pois quando tornei a passar pela porta do banco, vejo aquele homem a correr e entrar num carro que estava estacionado. Ia sair, quase certo.
Parei o meu, recuei um pouco para lhe dar espaço e esperei.
Ele fez a manobra com o carro, meteu-lhe o nariz de fora e parou. Saiu do carro – e como chovia – e veio ter com o meu, fazendo sinal para eu abrir a janela.
- Não quer ficar com o meu papel do parquímetro? – perguntou. – Ainda tem uma hora.
Agarrei nele, incrédula, e ele voltou a correr para o carro, debaixo daquela chuva e foi-se embora.
Ainda há gente assim.”
A cara dela, ao contar-me esta história, exibia um sorriso de orelha a orelha.
E eu sorri por dentro, sabendo que são estes pequenos episódios, a que não costumamos dar valor, que me fazem ainda acreditar no género humano em geral e nos portugueses em particular. Não por qualquer motivo em especial que não seja porque, apesar de tudo o que vamos vivendo, este espírito vai-se mantendo.
By me
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