Um velho compincha, mestre e amigo, com quem tive o
privilégio de partilhar actividades lectivas, entre muitas outras coisas,
gostava de deixar os seus alunos meio à toa. Com perguntas ou exercícios que os
deixassem a pensar, mesmo que as respostas não existissem ou fossem alvo de
cogitações desde há séculos.
Aprendi isso com ele e, volta e meia, pratico-o.
Uma dessas perguntas é “Como explicar cor a um cego de nascença”.
Nunca eu encontrei uma resposta completa e definitiva. Do
aroma ao tacto, passando pelo paladar e som, qualquer explicação que eu
encontre peca sempre por defeito.
Uma outra há, desta feita criada por mim, para a qual também
ainda não encontrei resposta cabal: “Como fotografar o silêncio”.
Nunca estive numa câmara anecóica para sentir o silêncio
absoluto. Nem nunca estive surdo a ponto de o sentir. Já o silêncio interior,
aquele que existe apenas dentro da cabeça, já o senti por diversas vezes,
imposto por fora ou por dentro. Mas nunca vislumbrei o como o fotografar
satisfatoriamente. Falha minha, talvez.
Eis uma versão.
By me
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