Tenho para mim que
não há boas ou más fotografias.
O conceito de bom
e de mau é um conceito social que, muitas vezes, entra em conflito com as
opções de quem fotografa.
Pior: Limita quem
fotografa a fazer o seu trabalho pela opinião da sociedade, deixando para trás,
tantas vezes, a sua própria capacidade de inovar e criar.
Entendo que uma
fotografia é boa quando consegue satisfazer o seu autor. Quando ele olha para
ela e se revê no que nela “lê” e sente. Isto é uma boa fotografia!
A partir daqui
entra em campo a questão do gosto dos demais e da eficácia da comunicação.
Se a fotografia
agrada à maioria leva o carimbo de boa. Se também agrada aos especialistas será
excelente.
Mas, e antes de
mais, a fotografia, o trabalho realizado que transformou aquilo que foi visto e
sentido naquilo que o fotógrafo entende por um equivalente fotográfico, tem que
agradar ao seu autor.
Claro que a
fotografia também é uma forma de comunicação. Por isso existem os livros, as
galerias, os álbuns, os grupos. As mais das vezes fotografa-se para que outros
vejam e sintam o que o fotógrafo viu e sentiu.
E quando tal
acontece, a fotografia é eficaz na sua função de comunicar.
Mas também sabemos
que comunicar, mesmo que com fotografia, implica o partilhar de códigos comuns.
Tal como a escrita. Ou a música. Ou a escultura. Se quem o vê não entender os
códigos usados por quem o fez, a ponte da comunicação não existe.
Daí que exista uma
tendência generalizada em fotografar usando de códigos (técnicas e estéticas)
que sejam do entendimento generalizado dos destinatários. Algum tipo de
formalidade no fazer de fotografia.
Esta formalidade,
este usar de códigos generalizados na fotografia, acaba por fechar portas à
capacidade que cada um possa ter de se satisfazer com o que faz sem pensar nos
outros. Acaba por limitar a criatividade absoluta, obrigando a criar de acordo
com os códigos instituídos.
Mais do mesmo,
portanto!
Claro que os
chamados “profissionais” a isso são obrigados. Têm que agradar aos clientes!
A sua principal
preocupação, ao fotografar, é que os sentimentos expressos nas fotografias que
fazem, se alguns, sejam entendidos por quem lhes paga o trabalho. Que é isso
que deles se espera.
Se a gestão do
espaço e dos elementos nele (composição), se a nitidez ou as relações entre o
claro e o escuro não estiverem de acordo com a técnica e estética em vigor (os
códigos de comunicação) dificilmente será vendida. Quer seja uma fotografia de
um acontecimento social, uma reportagem de guerra, paisagem ou vida animal. Não
aparecerá numa revista ou jornal, ninguém a verá num cartaz publicitário nem constará
no álbum de casamento.
Será uma
necessidade do fotógrafo definir aquilo que lhe agrada e aquilo que agrada ao
consumidor. E ter a coragem de o assumir.
Nunca disse a um
aluno ou formando “Essa fotografia é má!”
O mais que fiz foi
dizer-lhe “Não gosto” ou “Não entendo”. E, acto continuo, pedir que ma
explicasse, que sobre ela discorresse em voz alta. E que me dissesse se ela
correspondia ao objectivo a que se tinha proposto. E se esse objectivo era
pessoal ou comunicação de massas.
A classificação de
boa ou má seria a dele, de acordo com isso e com a conversa.
Que o mais
importante é a satisfação do próprio. O resto é socialização.
By me