Sentadas em duas
mesas de uma casa de hambúrgueres, duas mulheres.
Já é tarde, o
jantar foi já há muito, e estão a usar o local como ponto de convívio, cada uma
com os respectivos filhos, entre os dez e os doze anos.
Reconheceram-se
após um interregno de oito anos, se bem ouvi a conversa.
De onde se
reconheceram?
De terem estado em
simultâneo alojadas numa casa-abrigo de apoio à vítima.
O que foi bom de
ver?
O tom mais ou
menos natural com que falaram desses tempos e do que lhes sucedeu depois de se
terem separado. E do que sabiam de outras, desses tempos.
Falam das
dificuldades financeiras e trocam números de telemóvel. Que não creio que
venham a usar, que aquele passado quer-se bem enterrado e tão longe quanto possível
dos filhos.
Fechados nos
nossos casulos burgueses, na monotonia das nossas vidinhas, com mais ou menos
meios económicos, nem desconfiamos das tragédias da porta ao lado. Por vezes na
verdadeira acepção da palavra.
Espero que não contassem
com uma imagem das intervenientes, mães ou filhos.
Fiquem-se com a
fotografia do caderno onde foi registado o encontro.
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário