segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Barbas



Há uns anos valentes, valentes mesmo, tive um episódio divertido:
Encontrei-me de manhã com uma amiga para fazermos uma fotografias, como estava combinado e, quando a vi, não me contive:
“Então…? Que te aconteceu? Tens a cara numa lástima!”
Ela sorriu, meio atrapalhada, e não respondeu. E eu insisti:
“Mas o que foi? Não estás em condições de fotografarmos!”
“Desculpa, mas a barba dele arranhava muito…”
Claro que adiámos o combinado para melhor ocasião.

Acredito que, nos tempos que correm, seja coisa habitual.
Talvez não tanto as caras “esfoladas”, que nem todas as barbas são assim tão rijas, mas a quantidade de rostos masculinos que hoje encontramos com a pilosidade em manifesta evidência é enorme.
Umas caras com barbas mal semeadas, outras comprimidas apenas no queixo ou bigode, outras ainda viçosas e exuberantes, “esculpidas” como hoje se diz.
Comprimentos, cores, formas, vemos de tudo. Exactamente aquilo que não víamos há uns dois ou três anos. Ou veríamos apenas em certos grupos sociais, uma espécie de código de grupo ou de comportamento.
No meio de tudo isso, uma tónica dominante, transversal no tempo: os olhares que recebo.
Até há algum tempo, eram olhares de desprezo, como que a dizer “quem é este tipo que assim barbado anda por aqui?”
Agora, a maioria dos olhares masculinos que recebo traduzem um “Que inveja! Quem me dera ter uma assim!” ou ainda inveja de não terem coragem de assim a usarem.

A minha certeza é que a moda passará e daqui por uns dois ou três anos já pouca barbas se verão. A minha, a menos que arda de novo, será uma delas, com ou sem olhares de lado.

By me

Sem comentários: