domingo, 29 de dezembro de 2024

Velharias, melhor, antiguidades




Em Lisboa e arredores acontecem aos Sábados e Domingos diversas feirinhas de rua.

Nelas podemos encontrar de tudo um pouco, desde antiguidades a velharias, passando pelas falsificações. Quem precisar de completar uma baixela porque se partiu um prato ou um copo, ou um faqueiro, ou candeeiro, ou uma peça de roupa, ou... têm de quase tudo, por vezes a preço da chuva, outras a preço de um ou dois rins.

Costumo frequentá-las, com os olhos abertos para artigos relacionados com fotografia: peças soltas, peças raras, livros... tenho encontrado alguns “tesoiros”.

Ao Sábado ou ao Domingo, em acordando, consulto a minha intuição e a minha bolsa. Se ambas estão de acordo, vou até à que esteja em funcionamento nesse dia. As mais das vezes acerto. Foi o caso de hoje.

Nada havia de peças: ou não me interessavam ou estavam em mau estado. Assim, dei mais duas voltas, desta vez com o meu “radar” mais alargado. E regressei com isto.

Uma fotografia de estúdio de uma senhora. E tem diversas peculiaridades, esta fotografia.

Desde logo a data, escrita na contracapa, a lápis e a caneta: 1/8/924. Feitas as contas, este objecto fotográfico tem cem anos. Em seguida a forma como está apresentada: recortada em oval e colocada em cartolina timbrada com o nome do fotógrafo, está protegida com papel próprio, daquele que eu usei nos meus tempos de escola ao aprender a fazer um album de fotografias. Por fim, todo o conjunto está colocado numa capa semi-rígida, protecção final contra vincos e envelhecimento devido à luz do sol.

Da fotografada nada sei. Não há nenhuma pista sobre quem será, mas é garantido que será alguém de um classe média ou superior. Se, por um lado, a gola do vestido está trabalhada de um modo a que dificilmente as classes trabalhadoras teria acesso, por outro o próprio facto de se ter feito fotografar denota posses, já não seria barato fazer um fotografia no estúdio de um fotógrafo.

Não tenho certezas do como esta fotografia foi para numa caixa com dezenas de outras numa feira de rua. Talvez fosse no recheio de uma casa de família que se quis ver livre de muita tralha. Mas sei que não foi no espólio do fotógrafo.

Sei, porque procurei na internete, que a casa comercial, situada na Rua da Junqueira, abriu portas em 1908 e fechou em 1986. O seus arquivo é composto de 100600 documentos fotográficos, de todos os formatos e suportes e foi adquirido em 1978, encontrando-se dividido entre os arquivos da Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia.

Infelizmente todo este acervo não está disponível ao público porque ainda não classificado. Seria interessante procurar também os descendentes desta senhora e fazer-lhes presente desta fotografia.

Em alternativa, fica no meu próprio arquivo.

 

Não faço ideia de qual a câmara ou os processos fotográficos para criar esta fotografia. Mas a imagem que aqui vêdes foi feita com uma Pentax K1 mkII e uma Pentax-M 50mm 1:4.


By me

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