segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Umbigos




Quando vou a uma palestra, a um encontro, a um debate, a uma exposição... vou sempre para aprender algo mais, muito ou pouco, pouco importa.

Quero sempre alargar os meus horizontes e os saberes, experiências e práticas dos outros são um manancial.

Mas há um campo que falha sempre, sobre o qual regresso como entrei, ou quase: o que é que acontece em termos de fotografia nas américas latinas, nas áfricas de norte a sul, nos orientes médios ou extremos, para lá da antiga cortina de ferro.

É como se a fotografia nunca tivesse sido ali praticada, reservando-se as referências ao chamado “mundo ocidental”, europeu e norte americano. E no entanto...

No entanto a importância da fotografia que não no mundo ocidental é tão importante que o Brasil tem um dia para celebrar esta forma de expressão e registo, assinalando a chegada do primeiro fotógrafo ao país.

No entanto o desenvolvimento da fotografia na Rússia, tanto na estética como na técnica, foi de tal forma que tinham as suas próprias unidades de medição de luz.

No entanto, se olharmos para a fotografia Chinesa, feita por chineses para consumo interno, constata-se que a organização dos elementos que a constituem é diferente da chamada ocidental.

No entanto, se compararmos a utilização de cor, não apenas em paisagem mas também em estúdio, veremos enormes variações nos tons e saturações consoante a latitude e o respectivo clima.

No entanto, e porque as regras e organizações sociais variam com as culturas e tradições, as abordagens aos assuntos variam na forma e no conteúdo.

Neste nosso egocentrismo ocidental esquecemos, ou fazemos por esquecer, que há outros umbigos que não apenas o nosso, quantas vezes mais interessantes ou belos.

 

Pentax K7, Pentax 18-55


by me

domingo, 1 de dezembro de 2024

O tijolo




O velho tijolo transportava-se em cima do ombro, usava uma catrefa de pilhas e tinha potência suficiente para chatear o bichinho do ouvido de qualquer um num raio de 20 metros, bem medidos.
O tijolo contemporâneo transporta-se pendurado do ombro ou na curva do braço, usa duas pilhas AAA, recarregáveis e ainda permite levar o “nécessair”, o telemóvel, o tabaco, as chaves e o resto da cangalhada. E a dois ou três metros, já ninguém dá por ele.
E, já me esquecia: este é analfabeto, não lê cassetes.

By me