sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Crivos



No mesmo dia leio duas notícias que entristecem ou assustam.
Num jornal fala-se da entrega do Teatro Maria Matos, em Lisboa, a gestão provada. Noutro fala-se do desagrado da vereadora da cultura de Santarém quanto a espectáculos no Teatro Sá da Bandeira no tocante a vestuário e linguagem e de como isso poderá estar na base do afastamento do director do local.
Isto recorda-me um episódio já com uns anos valentes: a proprietária de uma conhecida e bem antiga sala de espectáculos que a tinha alugada a uma companhia de teatro proibiu uma representação no dia do ensaio geral porque lhe desagradou aquilo a que assistiu.
Disse um pintor e pensador catalão, na segunda metade do século XX, que a arte deve agitar os pensamentos e provocar o desassossego no público. Levando-o a pensar e questionar.
Quando não enquista e passa a academismo conservador e entediante.
Infelizmente, por cá, o teatro ainda é objecto de crivos de antanho por parte dos poderes, sejam eles políticos ou empresariais. O politicamente incorrecto ou o socialmente discutível são atirados para recantos obscuros, quando não liminarmente erradicados.

O mesmo se aplica a outras formas de expressão, plástica ou não.

By me

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