domingo, 5 de novembro de 2017

Quando o próximo não está próximo



Tinham ambos - um casal jovem com roupas domingueiras - a bíblia debaixo do braço.
E abrigavam-se no interior do prédio do vento fresco que soprava no exterior, aguardando, como soube mais tarde, por alguém que os viria buscar.
Quando tentei sair tive enorme dificuldade em manobrar tudo o que transportava e, ao mesmo tempo, lidar com a forte mola da porta do edifício, que existe para a manter fechada.
Não tugiram nem mugiram.
Quando regressei do contentor de lixo ainda lá estavam. E tiveram que me ouvir.
“Então têm a bíblia na mão, viram-me com toda aquela dificuldade, e não foram capazes de dar dois ou três passos para segurar a porta? O “ajudar o próximo” é bom de ler no Livro, de apregoar em modo missionário e de entoar no templo. Agora a prática quotidiana… Não têm vergonha?”
Ficaram meio sem jeito e disseram, atabalhoadamente e com o seu sotaque de terras de vera cruz, que já ali estava quem os vinha buscar. E zarparam rapidamente.

Mas também não esperava eu qualquer resposta construtiva.

By me

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