quarta-feira, 4 de junho de 2025

Guloso




É verdade que sim, sou guloso.

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4

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terça-feira, 3 de junho de 2025

O photógrapho

 



 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4


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segunda-feira, 2 de junho de 2025

Primas




Quando perdi o uso do olho direito zanguei-me.

Zanguei-me com a vida, zanguei-me com o mundo, zanguei-me comigo, zanguei-me com a fotografia. Logo eu, que fazia do fazer imagem técnica o alimento do corpo e o alimento da alma, havia de perder a capacidade de ver em três dimensões.

Zanguei-me!

A minha actividade profissional – vídeo – fui mantendo, com as adaptações possíveis, mas deixei a fotografia bem de parte. E assim foi durante algum tempo até me reconciliar com tudo com que me tinha zangado e regressei à fotografia. Desta feita no digital, aproveitando o que então era novidade e sem grandes rigores ainda.

Neste intervalo muita coisa aconteceu na tecnologia e disso nem me fui apercebendo. E quando regressei, não me preocupei com o que havia sido essa mudança nem o que de novidades tinham acontecido.

Foi assim que a época da Pentax com este tipo de câmaras e características foi um espaço vazio no meu conhecimento e experiência. E algum “não gostar” do aspecto e sensação de muito plástico, que me fez manter-me longe destas séries.

Até que há alguns anos, quando comecei a, primeiro a juntar, depois a colecionar, descobrir que estes aparentes “brinquedos”, para além de úteis, têm características simpáticas, mesmo que não sejam muito sólidas por fora e por dentro. E divertidos de usar.

Da série MZ tenho estas quatro “primas”, compradas no mercado de usados e feiras de rua, a preços quase escandalosamente baixos já que o digital veio quase extinguir o uso de película. É uma questão de oportunidade de mercado e de dinheiro disponível.

Sabemos que não é a ferramenta que faz o artista. E eu nem sequer sou artista. Mas dá-me prazer usar de quando em vez as que há uns anos produziam boas fotografias, sabendo tirar partido do que tinham nas mãos.

E, no fim de contas, isso é o importante.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4 


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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Brincando




Uma pequena brincadeira em honra dos fotógrafos clássicos e contemporâneos e dos seus métodos, semioticas e técnicas.

Dedicada a quem gosta e utiliza Pentax.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4



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quinta-feira, 29 de maio de 2025

É uma espiga




Lembraram-se do dia da espiga? Eu já nem me lembrava que ele existia.

Foi apenas quando me deparei com uma vendedora de raminhos da sorte, com três cestas cheias deles e vestida a rigor para o negócio, que a memória se me acordou.

De conversa com ela, fiquei a saber que também é o dia da nossa senhora da ascensão e que se celebram quarenta dias após a páscoa que, como sabemos, é feriado móvel.

Consultada a web, que mais a vendedoura não me sabia dizer, fiquei ciente que o dia da espiga é tradição bem anterior ao cristianismo e que popularmente se recomenda pendurar o raminho atrás da porta de casa e aí o manter até ano seguinte, como chamariz à boa sorte e à abundancia de víveres durante o ano.

Não sou supersticioso, mas mal não fará e sempre é algo bonito de se ver.

Em desmontando o set, agora que a fotografia está feita e o texto está escrito, vou tratar de encontrar uma forma de o pendurar onde deve estar e sem se estragar.

Boa sorte para todos, se for caso disso.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 10mm 1:4

 


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Amantes




Uma ocasião pediram-me, na escola onde antes havia dado aulas, para lá ir ajudá-los: havia reclamações, por parte das entidades onde eram feitos os estágios, quanto ao cuidado que os alunos tinham com os equipamentos.

Lembram-se de mim para fazer um workshop ou um mini módulo de várias horas, com o intuito de corrigir essa atitude dos alunos.

Eu não era conhecido dos jovens e qualquer referência que pudesse haver seria apenas dada pela escola e por quem ali lecionava. E aparecer assim de repente alguém para lhes falar de disciplina, método e cuidados com o equipamento não seria bem recebida pelos jovens, com poucos efeitos daquilo que se queria: mudar atitudes.

Lembrei-me eu de serem feitos alguns vídeos de curta duração, tantos quantos os grupos que surgissem, sobre o assunto. E dizer a estes mais velhos que os vídeos seriam usados como exemplo pedagógico para os mais novos. Pedir ajuda costuma resultar, e foi o caso.

Indo mais longe, o enredo, a realização, as vertentes técnicas, seriam feitas, concebidos e executadas por eles, bem com a interpretação. O meu papel seria “apenas” o dar apoio teórico ou prático onde eles tivessem mais dificuldades.

Usei como “engodo” adicional o facto de o projecto ter o nome formal de “A minha amiga, a câmara”, mas que era apenas formal, já que eu preferia chamar-lhe “A minha amante, a câmara”, mas que a escola não o aceitara. Mas que seria o nosso segredo perante a hierarquia escolar.

Bingo! Alinharam no projecto, arregaçaram as mangas e a coisa fez-se.

Claro que o meu objectivo era colocá-los a pensar seriamente no assunto e a interiorizar tudo aquilo que iram demonstrar aos mais novos: o cuidado a ter com o equipamento. Transporte, montagem e desmontagem, operação, limpeza prévia e posterior, segurança.

Vem tudo isto a propósito de, de facto, a câmara (vídeo, cinema, fotografia) ser a nossa amante. Aquele objecto, mais simples ou mais complexo, que tratamos com carinho e com o qual temos relações e comportamentos distintos de quase tudo resto na vida.

Não deixamos que qualquer um se encoste a nós, rosto incluído, a menos que seja por questão médica ou estética corporal. Até mesmo com os amigos mantemos alguma distância. Agora um amante, formal ou informal... o nosso desejo e prática é mater essa proximidade total que não permitimos aos demais. E o nosso rosto encostado à câmara como se amante fosse.

O mesmo se passa com os cuidados de segurança, de afagos, de manutenção: um amante, no sentido de se ter amor por, recebe de nós o máximo de atenção. Tal como a nossa câmara, mesmo que pareçamos displicentes no seu manuseio.

A maior parte dos que conheço no mundo da imagem técnica têm esses cuidados e intimidade com a sua câmara. Os que não têm é notório no resultado do seu trabalho. E raramente duram muito tempo no ofício ou nas empresas.

Não sei se será o vosso caso, mas aqui por casa tenho diversas amantes.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M Macro 100mm 1:4


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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Duas pequenas irmãs




Ninguém que só conheça a fotografia digital imagina o que significava ter este conjunto ou semelhante.
Por um lado o poder registar em cor e em preto e branco a mesma situação: uma câmara para cada.
Por outro, ter duas objectivas diferentes prontas a serem usadas, sem a perda de tempo para as mudar. Que as objectivas zoom eram caras e pouco comuns por cá.
Por outro lado ainda o ter um “power winder” ou um “motor” numa câmara, em regra a carregada com película em preto e branco, significava poder fazer diversas fotografias sequenciais e rapidamente sem retirar a câmara do rosto para armar o obturador e avançar a película.
Por fim, ou nem tanto, a posse deste conjunto era sinal de profissionalismo, já que quase só os profissionais ligados ao fotojornalismo tinham conjuntos assim.
Acrescente-se que o aparecer com duas câmaras ao pescoço era garantia, ou quase, de portas abertas para locais mais ou menos reservados, como eventos desportivos, encontros do jet set, salas de espetáculos... raramente se era questionado ou nos pediam pelas credencias. O mais que poderia acontecer era perguntarem-nos para qual jornal trabalhávamos, mas as mais das vezes nem isso era confirmado.
Nessa época, há quarenta e muitos anos, estes pedaços de equipamento eram caros. Bem mais, comparativamente, aos preços de hoje. Por isso, possuir duas SLR era coisa reservada aos profissionais, quantas vezes câmaras e objectivas fornecidas pelos jornais ou cedidas por fabricantes. 
Mas havia sempre quem conhecesse onde se vendessem em segunda mão. Como eu conhecia. E com quem se podiam fazer negócios fantásticos, com vantagens para ambas as partes. 
Hoje só possuem e/ou utilizam equipamento destes tempos os revivalistas de outras épocas, os que procuram as abordagens estéticas que a película permite ou os colecionadores. Eu encontro-me algures no meio destas três vertentes. 
Pentax K1 mkII, Pentax-M macro 100mm 1:4

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segunda-feira, 26 de maio de 2025

Pentax MF






Termos uma peça que, não sendo rara como alguns cromos, é realmente pouco comum, é algo que nos enche o ego.

É o caso desta câmara.

É verdade que precisa de revisão interna a vários níveis. É verdade que, do ponto de vista cosmético, denota bastante uso nem sempre o melhor. É verdade que está incompleta, faltando-lhe uma peça semelhante a uma objectiva e o que nela se coloca. Mas também quantos serão em portugal os que têm uma Pentax MF para fazer fotografias endoscópicas?

Trata-se de uma adaptação original de fábrica para receber uma sonda que seria introduzida no interior do corpo e fotografá-lo. Portanto o seu uso é exclusivamente médico.

Pelo muito pouco que encontrei on-line, usar esta câmara convencionalmente é algo de fora do comum, mesmo que se use uma objectiva ao invés de uma sonda. Desde logo pelo controlo de exposição. Seguindo-se pelo enquadramento, já que o visor não possui um despolido, como todas as outras SLR, mas antes produz uma imagem aérea com uma sistema ótico para tal e que necessita daquele “alto” junto à ocular. Some-se-lhe o produzir fotografias “half frame”, verticais e com metade da largura do habitual, coisa que para quem não está habituado é estranho. Esta marca fez mais tarde outra adaptação, também a partir de um modelo Pentax ME, mas produzindo fotografias com o formato a que estamos habituados – 24x30mm.

Do que consegui saber de quem ma vendeu, bem barata, terá pertencido a seu pai que tinha um laboratório de imagiologia que, com o passar dos tempos foi evoluindo, deixando de usar fotografia “analógica”. E isto ficou guardado algures por lá. Entretanto esse senhor faleceu faz tempo e o filho estava agora a desfazer-se do conteúdo em desuso armazenado no local.

Mais não pude saber, porque ele não sabia, nem mesmo onde estariam as restantes peças complementares.

Nem desconfio de quantas terão sido produzidas, considerando que o mercado para iste tipo de câmara é particularmente restrito. Mesmo no mundo inteiro. Mas trata-se de um “cromo difícil” que será muito bem estimado aqui por casa. Assim que for revisto e reparado naquilo que for possível, tratarei de fazer pelo menos um rolinho e disso dar conta.

E se, por mero acaso, alguém tiver por aí perdido o adaptador para a sonda endoscópica, por favor contacte-me. Ou mesmo o manual de instruções.

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M Macro 100mm 1:4


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sexta-feira, 23 de maio de 2025

Relatividade




O tamanho é importante?

 

Pentax K1 mkII, Pentax-M Macro 100 1:4


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Bi-Cromático




Era um exercício que eu propunha a aprendizes de fotografia, fosse qual fosse a idade ou equipamento: cores.

Num pequeno passeio mais ou menos aleatório pela cidade, fotografar o que se via tendo por base as cores do que estava visível. Mas com uma limitação: mostrar o que se queria mostrar mas com não mais que duas cores no enquadramento, excluindo o fundo. Não importava o quê, mas esta condicionante teria que ser cumprida.

O objectivo deste exercício com jogos de cor não era o equilíbrio ou desequilíbrio entre elas. Isto de nada importava. Aquilo que se queria era que se ganhasse o bom hábito de ver com olhos de ver todos os detalhes do assunto e inclui-los ou exclui-los no enquadramento de acordo com o pedido. Saber ver para além de olhar. Saber ponderar antes de obturar. Saber excluir o descartável.

Claro que isto implica também saber jogar com distâncias e perspectiva, por vezes também alguma ginástica acrobática para se conseguir o que se queria. Tal como o recusar premir o botão porque a norma não se cumpre.

Este treino visual e a disciplina que implica é importante para a prática da imagem técnica (fotografia, cinema, vídeo) para que não seja necessário uma multiplicidade de técnicas posteriores de remendar o que ficou roto na tomada de vista.

O passeio era antecedido de umas pequenas “brincadeiras” com smarties ou pintarolas e guardanapos coloridos para despertar a atenção para as cores. No final comiam-se os doces e limpava-se a boca.

 

By me