domingo, 24 de dezembro de 2023
Uma história
domingo, 26 de novembro de 2023
Deduções
Há coisas que podemos deduzir directamente da simples
observação, mesmo pouco ou nada sabendo sobre o objecto de per si.
A escala indicada pelo ponteiro é calibrada em footcandles,
o que nos referencia para o mercado anglo-saxónico em exclusivo.
A escala de sensibilidades é apenas em valores ASA, o que
nos dá a indicação de ser para o mercado norte-americano.
A sensibilidade máxima prevista na escala é de ASA 800 e
mínima de ASA 1,2. Admito que o mínimo que usei foi de ASA 12 e foi há bastante
tempo.
A abertura de diafragma mínima da calculadora é 45, o que
nos dá uma pista sobre o tipo de objectivas em uso aquando do fabrico. Já o seu
máximo ser 1 será mais uma fantasia matemática que uma utilidade real.
O tempo mínimo de exposição previsto na calculadora é 1/800 de
segundo mas o máximo é de 120 minutos, o que nos leva a pensar nas
sensibilidades, objectivas e utilizações da época.
O peso... bem, não é de todo comum um aparelho destes pesar
tanto quanto este: 300 gramas, medidos em casa.
Uma observação mais atenta mostra que a forma de a célula
receber a luz é tudo menos o habitual.
O logotipo do fabricante remete-nos para uma marca, bem
explícita em letras mais pequenas, fundado por Tomas Edison, e que não é conhecida
por fabricar aparelhos de medida de luz: General Electric.
O meu palpite foi que seria algures do anos ’50. Acabei por
saber que o modelo foi lançado em 1950.
E, bem mais raro com esta idade, reagia à luz.
O preço? Não foi de pechincha mas estava em linha com o que
palpitei e, mais tarde, vim a constatar na web.
Acabei por trazer daquela feira de “tralha”, e já no seu
final, um fotómetro “2D”, com mais que um ângulo de leitura, com quase 3/4 de
século, em muito bom estado “cosmético”, e funcional. Faltará saber da
fiabilidade dos seus resultados mas isso será para quando tiver tempo e o tempo
estiver bom.
Nota adicional: não confundir um fotómetro com um luxímetro
e nenhum dos dois com um exposímetro.
Pentax K1
mk2, Tamron SP Adaptal2 90mm 1:2,5
By me
sábado, 25 de novembro de 2023
Relevâncias
Confrontado com uma situação, originária no seu exterior ou interior, o autor tem uma necessidade visceral de a materializar. O resultado dessa materialização é a sua exibição perante algum tipo de público, elite ou generalizado.
sexta-feira, 17 de novembro de 2023
Academia
segunda-feira, 30 de outubro de 2023
Éticas
É verdade que sim: tenho uma opinião muito pouco lisonjeira
sobre a chamada “fotografia de rua”. Há todo um conjunto de questões éticas que
me levam a tal.
Em qualquer dos casos, de quando em vez há que pensar e
repensar sobre os nossos conceitos. Colocá-los em causa, rever argumentos,
aceitar como válidas outras perspectivas. Pode sempre acontecer que o que temos
por certo desde há muito acabe por se demonstrar errado.
Por isso mesmo estive este fim de semana numa palestra onde
o tema era Fotografia de Rua, defendido por quem a pratica. Tentei estar de
mente tão aberta e tão ausente de preconceitos quanto o possível.
O que fui ouvindo até parecia lógico e aceitável, com
algumas abordagens técnicas e éticas válidas e algum tipo de separação entre a
satisfação do fotógrafo e o respeito pelo fotografado. Quase me convenceu.
E digo quase porque o orador “borrou a pintura” com uma das
fotografias que exibiu: um homem barbudo e com cara de zangado, numa bicicleta
e acompanhado por dois cães, fazendo um inequívoco e bem visível pirete para a
câmara. A grande angular usada e perspectiva próxima e baixa usada não
permitiam não ver o gesto de protesto para com o fotógrafo e o que fazia.
Interrompi o discurso e questionei porque motivo, sendo bem
notório o protesto contra o fazer daquela fotografia, se ignorava a vontade do
fotografado e se a exibia.
A resposta esteve bem em linha com o que eu pensava antes de
entrar naquela sala: “Sim, mas eu gosto tanto dela...”! “E”, acrescentou alguém
que estava presente aquando do fazer da imagem, “o homem não voltou atrás para
protestar.”
Toda a capa protectora que eu tinha a envolver os meus
preconceitos e opiniões se esbroou. Que estava ali bem plasmada a relatividade
de importâncias entre a vontade do fotografado e a vontade do fotógrafo. E a
ausência de escrúpulos deste perante aquele.
É interessante pensarmos que o acto de premir o obturador da
câmara fotográfica é conhecido por “disparar”. Como quem dispara a caçadeira
sobre a sua presa. Cujo troféu se pendura na galeria, real ou virtual,
demonstrando a habilidade ou saber do caçador.
Pentax MX, Pentax-M 28 1:2,8, TriX, 24/12/1979
sábado, 28 de outubro de 2023
Achados
Fui encontrar-me com alguém que vende on-line. Não gosto de
fazer negócio de coisas usadas sem as ver primeiro nas minhas mãos e, mesmo
assim, corre-se algum risco.
Mas tratavam-se de pára sois, coisa que dificilmente pode
estar avariada. Sendo que havia pouca informação sobre cada um deles, e como já
nos conhecemos, encontrámo-nos.
Tenho por princípio que as objectivas devem usar um pára
sol. Não apenas para a função óbvia – evitar reflexos ou “flares” indesejáveis,
como também como protector da parte frontal da objectiva. Já parti alguns por
pancadas mas nunca uma objectiva.
Acontece que não é fácil de encontrar estes objectos. Muita
gente considera-os supérfulos e os fabricantes não os produzem para compensar
perdas ou acidentes. Além do mais, quem vende objectivas usadas raramente os
inclui: ou porque não os tem ou porque quer fazer negócio separado.
Assim, em vendo pára sois em venda, e se forem menos comuns,
fico com eles. Era o caso.
Só não contava era que, no lote em causa, encontrar algo de
bem raro: um pára sol para uma 24mm que tenho. O fabricante de origem, Pentax,
alerta para que o seu tem alguns problemas de eficácia e “vinhetagem”, propondo
uma alternativa. O que torna ainda mais difícil encontra-lo.
Pois este é de um fabricante independente e eu ignorava que
o tinha fabricado. E digo tinha porque já não o produz, o que torna coisa ainda
mais difícil de encontrar.
O ter uma fixação por aperto com mola e não de rosca como
habitualmente na época, torna o sistema ajustavel para qualquer objectiva com
esta distância focal e boca de entrada em que o elemento frontal não rode ao
focar. O ter tampa dedicada faz do objecto algo de bonito, o que é uma mais
valia. E o ter este aspecto, pouco consentânio com a Pentax, faz do conjunto
algo de ainda mais incomum.
Não são as ferramentas que definem o artesão, mas gosto de
as ter bonitas. Melhor ainda se forem baratas.
Pentax K1, Pentax-M 35mm 1:2
By me
quinta-feira, 26 de outubro de 2023
Cinquenta anos
domingo, 22 de outubro de 2023
Leonor
sábado, 21 de outubro de 2023
Seu João
Os olhos dizem sempre mais que aquilo que a boca conta.
E eu não me atrevo a escrever aquilo que a boca falou, que seria indiscrição em demasia.
Fica o facto de um barbudo reconhecer e sentir-se irmanado com outro barbudo. Fica o seu nome: João Reis. E ficam os votos de “Muita merda, seu João”.
.
Acrescento um detalhe técnico pessoal: No tempo em que fotografava em película e em preto e branco, carregava comigo uma panóplia de filtros para correcção de contraste em função das cores. O amarelo é o clássico, seguido do laranja. Mas o azul (vários tons), o âmbar (vários tons), o verde, o verde-amarelo, o magenta, o vermelho...
Em função da luz, das cores e tons do primeiro plano e do fundo e da emoção que queria transmitir, assim escolhia o filtro. Trabalho, tempo, experiência e muitos erros pelo caminho.
No dias que correm a técnica veio substituir o peso e volume, bem como o tempo gasto na tomada de vista. E evitar muitos erros de avaliação e execução.
Fotografias feitas em cor e trabalhadas posteriormente em função da memória das emoções aquando da tomada de vista. O que também implica, entenda-se, conhecer essas ferramentas e tomar decisões ao fotografar que ajudem o trabalho posterior.
.
Pentax K1 mkII, Pentax-M 35mm 1:2
By me
quinta-feira, 5 de outubro de 2023
Um retrato
Caroline, algures num café/bar em
Lisboa.
Por vezes apetece-me passar pelo
P&B.
Tal como por vezes também passo pelo
vertical.
Pentax K1 mkII, Pentax-M 135mm 1:3,5
By me
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
Livros, mentes e arte
É interessante como não nos incomodamos em ver um cão,
cavalo, peixe, canário ou gafanhoto como são, sem enfeites ou disfarces e
entendemos por pecaminoso um humano total ou parcialmente desnudo. E toma foros
de pecado mortal, com direito a punições legais se, nesse desnudo público, a
genitália for visível.
Recordo dois episódios que de tão tristes se tornam
caricatos:
Há uns anos, numa feira de livro no norte de Portugal, foram
apreendidos livros de arte que na capa exibiam o quadro “A origem do mundo”, de
Gustave Coubert. E, ainda não há dez anos, foram cobertas estátuas de nús num
museus italiano para não ofender um presidente de um país Islâmico que visitava
a Itália.
A mente humana é preversa em muitos aspectos, incluindo
aquilo que é tão natural como o bocejar, coisa que também não se deve fazer em
público.
Vem isto a propósito de um livro que comprei recentemente.
Chama-se “Harvested”, publicado em 2016 e é da autoria de
Ilan Manouach.
O único texto que contém está escrito na lombada, o que já
de si é incomum:
.
“Uma antologia sob a curadoria de microworkers
Haversted é baseado em conteúdos encontrados, uma seleção
arbitrária de filmes de adultos. Foi inteiramente criado por um conjunto
orquestrado de rotinas planeadas, scripts da web e tarefas baseadas na
inteligência de exame. O material deste livro foi reunido por um grupo
descentralizado de parceiros e filtrado por uma população anónima de
microworkers. Mais de dois mil filmes de adultos foram colhidos de sítios em
linha p2p directamente para um servidor. Seguindo dois scripts diferentes, os
primeiros dez minutos dos vídeos foram despedaçados em milhares de imagens de
baixa resolução no formato jpg á espera de serem filtrados. Este lote de
imagens foi submetido a serviços de crowdsoucing. Um grupo selecionado de
microworkers foram recrutados para filtrarem estes milhares de imagens de
acordo com uma instrução conscientemente vaga: se nelas se apresentava ou não “arte
contemporânea”.
.
A fotografia da capa do livro está muito naturalmente censurada por
mim, só por causa das tosses facebookianas ou outras.
By me
domingo, 1 de outubro de 2023
Uma esquina
Foi há mais de um quartel, talvez.
Seguia com metade da turma para o Largo do Camões, ao fundo
à direita, para uns exercícios com câmara de vídeo. Se bem recordo, iriamos
praticar panorâmicas a velocidades diferentes jogar com velocidades angulares.
Em chegando a esta esquina, o “bando de pardais” ignorou o
semáforo, como este fulano aqui, e atravessou para o outro lado. Em lá
chegando, e dando pela minha falta, olharam para trás e chamaram-me.
Fiz orelhas moucas e esperei pelo verde. Só que, ao
contrário do que estavam à espera, quando ele surgiu no lugar de eu atravessar
chamei-os.
Vieram, meio sem saber o que se passava, e eu nada. Nos
entretantos o sinal voltou a ficar vermelho e eu nada.
Quando ficou de novo verde para os peões aí sim, falei: “Agora
que está verde, podemos todos passar em segurança.”
Riram-se do insólito da situação, devem ter pensado “Mais
uma do stor JC!”, e lá fomos como e ao que íamos: um bando de gente a querer
fazer e aprender aquilo de que gostam.
Passados todos estes anos, eu com a cabeça toda branca, eles
e elas a começarem a ficar, mesmo que disfarcem, ainda há um ou dois que se
recordam do episódio. Fico todo babado com isso.
Pentax K1 mkII, Pentax-M 28mm 1:2,8
By me
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Tempo e fotografia
Quanto tempo usa para ver uma fotografia exposta numa
galeria? Quanto tempo usa para ver a mesma fotografia se publicada num livro ou
revista? Ou quanto tempo usa para ver a mesma fotografia se divulgada num site
da web?
Teremos que convir que são tempos diferentes. Na web serão
alguns, muito poucos, segundos. Impressa em revista ou livro, com sorte, talvez
uns 30 segundos. Já numa galeria ou museu pode ultrapassar o minuto.
Estas variações, importantes que são e que dependem da
atitude do público, estão a moldar a forma generalizada de fazer fotografia.
Se o digital, no último quartel, veio “democratizar” a
fotografia, deixando ela de ser algo reservado a alguma elite face aos
respectivos custos de equipamento e suporte, veio também “abastardar” a
qualidade ou as estéticas envolvidas.
Vejamos:
Sendo a fotografia também uma forma de comunicar, a reação
do público ao que é exposto é importante para a esmagadora maioria dos
fotógrafos. Quer seja pelo que vende, pelo número de visitantes ou pelos “gosto”
que recebe.
Acontece que pouco mais que um segundo, quiçá três segundos,
se usa para desfrutar de fotografias on-line. Há muitas outras, de muitas
outras origens, para serem vistas e o “tempo” é curto. Donde, se para se
desfrutar de todo o conteúdo de uma fotografia é necessário tempo de
observação, se ele for complexo dificilmente será apercebido. Ou, se se preferir,
não será apreciado. Muitos elementos, contrastes elevados ou muito baixos,
linhas complexas ou multiplos planos, diversos centros de interesse, mesmo que
interligados, tornam difícil uma “leitura” rápida. Pouco apelativa no on-line.
E se é pouco apelativa não tem reacção por parte do público.
E os fotógrafos, profissionais ou não, querem reacção do público.
Tudo isto por junto tem vindo a modificar a forma de
fotografar. Tanto a nível de conteúdo como de forma.
Procuram-se imagens simples, de leitura rápida. Minimizam-se
os centros de interesse, reduzem-se as linhas, limitam-se os altos e baixos contrastes.
Simplifica-se o que se mostra para facilitar a leitura.
Pergunto, sem ironias: quem hoje usa mais que dois ou três
segundos para usufruir no on-line os trabalhos de Rejlander, Adams, Capa ou
Salgado?
O digital, na captação e no consumo, veio alterar a estética
fotográfica. E isto não é nem bom nem mau. É, apenas, uma realidade.
Este seria um tema que gostaria que tivesse sido abordado na
conversa de ontem, entre Fernando Ricardo e Ana Brigida na Casa da Imprensa, em
Lisboa. Duas gerações e duas épocas de fotojornalismo, o antes e o depois da
fotografia digital.
Mas hora e meia de conversa, viva e apetitosa, não pode “cobrir”
todas as vertentes.
Para quem não esteve resta a consolação de a exposição ainda
ficar durante uns tempos. Recomenda-se.
By me
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
Celebração
Celebramos um montão de coisas ao longo da vida. Aquilo que
menos celebramos é a vida por si mesma. O meu contributo.
Pentax K100D, Sigma 400, 1:56 + extensor
By me
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
O banco
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Vertical/horizontal
Brincando com uma 35mm.
Sugestão: Veja-se o filme “Yi-Yi”, de Edward Yang, feito em
2000 e objecto de prémio de melhor realizador no Festival de Cannes 2000.
Entre outros aspectos, observe-se como ele faz enquadramentos
de acção verticais num suporte horizontal convencional. Brilhante e sugestivo.
Pentax K1 mkII, Pentax-M 35mm 1:2
By me
sábado, 16 de setembro de 2023
terça-feira, 5 de setembro de 2023
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Ampulheta
Aquelo dispositivo de dois depósitos ligados que, ao ser
invertido, a areia cai de um para outro, servindo de contador de tempo.
Por comparação pessoas há que, ao inverte-las, nem areia
cai.
By me
sábado, 22 de julho de 2023
Aviso
“Genesis 1
3Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita. 4Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. 5Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. E houve tarde e houve manhã: primeiro dia.”
Mais detalhe, menos detalhe, esta ou aquela tradução, os livros sagrados das três maiores confissões religiosas (Judaísmo, Cristianísmo, Islamísmo) contam o mesmo.
O que nos pode levar a concluir que quem não respeitar a luz como coisa sagrada desrespeita Deus, seja ele qual for.
Fica o alerta para os fotógrafos.
Pentax K7, Tamron Adaptal2 90mm 1:2,5
By me
sexta-feira, 7 de julho de 2023
segunda-feira, 3 de julho de 2023
Revoluções
Temos sabido pelas notícias sobre as manifestações de
violência contestatária em França.
Sejamos honestos: o ou os motivos originais para esta onda
de contestação já se perderam ao longo desta semana. Sobra a contestação pela
contestação numa sociedade que não resolveu ainda problemas antigos que passam
pela recuperação (ou não) da guerra, do colonialismo, dos guetos, das elites
num país supostamente igualitário...
As reações institucionais a esta onda de contestação
violenta aconteceram há dois dias, salvo erro.
No meio de tudo o que foi destruído e dos confrontos entre
autoridade policial e manifestantes, foi incendiada a residência de um autarca,
não sei já em que cidade.
Foi perante isto que os políticos franceses usaram o termo “inaceitável”.
Porque os manifestantes ousaram tocar na elite política. Não lhes bastou
destruirem lojas e instituições oficiais. Não lhes bastou ficarem ruas inteiras
com carcaças de carros queimados e mobiliário urbano reduzido à ínfima
essência. Ousarem tocar num político, num eleito, num membro das elite
governativa, isso já é inaceitável e contra isso se unirão todas as forças de
investigação e repressão.
Aos franceses devemos a Revolução Francesa e o conceito “Liberdade,
Igualdade, Fraternidade”. Que está por cumprir, pois haverá sempre por lá uns
mais iguais que outros. Também lhes devemos a Comuna de Paris, que teve o
desfecho que conhecemos.
Entre mosquetes e cassetetes, gadanhas e petardos, Bastilhas
e Maios ’68, as revoltas têm sido e serão muitas. E enquanto a expressão “piet
noir” não for algo tão antigo quanto um qualquer trisavô, elas continuarão a
existir.
Desde que as elites não sejam postas em causa, ou a mostarda
ou pólvora lhes subirá ao nariz.
By me
terça-feira, 27 de junho de 2023
domingo, 25 de junho de 2023
Em torno desta imagem, duas histórias: o objecto e a fotografia
O objecto
Comprado numa feira de velharias em segunda mão, quem mo
vendeu não sabia para que servia. Nem eu.
Trata-se de um mecanismo de corda que, em escolhendo um
tempo entre zero e dez segundos, e tendo encolhido a haste inferior, a solta no
final desse tempo. É de fabrico Suisso, e foi-me vendido com o estojo de
cabedal de origem pelo preço de um maço de cigarros. Dos baratos.
Não me pude queixar, principalmente por se tratar de objecto
cuja finalidade desconhecia.
Cerca de uma hora depois, o mais que tinha encontrado na net
foi a data de fabrico (1922), algumas fotografias com e sem a embalagem de
cartão original e até o esquema mecânico interior. Mas não a função. Mas acabei
por dar com a coisa, depois de dar trabalho às células cinzentas entre orelhas.
Trata-se de um temporizador fotográfico invertido. Por outras
palavras, ele não faz começar um exposição mas antes a termina, no máximo de
dez segundos, deste que tenhamos ajustado a câmara para “B”. Aplicavel num cabo
disparador de “bicha”, para evitar movimentos parasitas na câmara. Ou mesmo directo
no botão do obturador, se este tiver uma gola onde prender a haste. Algo impossível
de usar nas câmaras actuais.
Peça rara, que irá para a minha coleção de peças raras e
antigas.
A fotografia
Só há um coisa mais difícil de fotografar que mecanismos ou
cutelaria em metal polido: Mecanismos ou cutelaria em metal polido. Tudo quanto
é luz ali se reflete, como num espelho, e controlar esses reflexos não é coisa
nem fácil nem rápida. Mas eles devem existir para mostrar o material de que são
feitos os objectos.
Neste caso a coisa é mais complicada, já que haveria de
mostrar a escala de tempo ajustável, bem como uma outra de afinação. Ambas
rasgadas na superfície de metal e igualmente polidas e reflectoras. Indo mais longe,
haveria que ter algo visível no enquadramento que desse uma escala de tamanho
do referido objecto. Optei pela mão de madeira, que permite uma multiplicidade
de posições.
Já quanto ao metal, optei pela minha abordagem incial do
costume: a luz haveria que vir de cima e de trás. Mas para evidenciar as
inscrições, haveria que usar uma luz razante, tão tangencial quanto possível. Que,
de caminho, não apenas evitaria que a superfície ficasse um bloco de luz como
se refletiriam nos bordos, criando volume. Usei uma da esquerda e de cima e um
espelho de baixo e da direita que a refletia em oposição de 180º.
Propositadamente, deixei ficar algum pó na superfície
metálica para ajudar a defini-la. O mesmo em relação aos reflexos que nela se
vêem. Já o fundo deveria ter algo colorido para evidenciar a ausência de cor do
metal.
Foi barato o objecto, considerando que usei mais de uma hora
para o conhecer e mais de hora e meia para o fotografar.
Todos os prazeres fotográficos fossem assim.
Pentax K1 mkII, Tamron Adaptal2 90mm
By me
sexta-feira, 12 de maio de 2023
Disciplinas
Lisboa
Pentax K1 mkII, Yashinon-DX 35mm 1:2,8
.
Numa escola onde lecionei, antes de o digital se impor como
norma fotográfica, tive uma discussão enorme com um dos directores.
Havia que comprar conjuntos para os alunos usarem e a nossa
escolha recaiu em Pentax. Pelo que havia no nosso mercado então e por questões
de orçamento. Uma P30, uma 28-80, uma 80-200 e uma 50. Para além de um flash,
um saco e um tripé. Seriam seis conjuntos.
Pois o director não queria aceitar, já que a 28-80 cobria o
ângulo da 50 e esta seria uma despesa a evitar. Não entendia ele que, e para além
da luminosidade da 50, ela permitia uma disciplina visual, um saber escolher a
perspectiva sem recorrer à variação de ângulo de visão, atitudes e disciplinas
pessoais vitais em fotografia.
Acabámos por ganhar a discussão, mas foi difícil.
Ainda hoje mantenho essa disciplina. Apesar de gostar de
captar detalhes com teleobjectiva, tenho épocas, como a que estou agora a
passar, em que me imponho o uso de grande-angular. Fixa. Grande-angular
moderada ou extrema.
Apesar de ter no saco ou mochila a ou as objectivas com as
quais me sinto mais confortável visualmente, a que mantenho na câmara é de
ângulo largo e é com isso que “vadio” na cidade ou me encaminho para um local
definido. Trabalho ou outro. E é divertido forçar-me a encontrar soluções estéticas
para aquilo que quero captar com esse ângulo de visão. Perspectiva e luz. Que
quero ter na mente ainda antes de ligar a câmara. Saber ver com o olhar antes
de ver com a objectiva.
Para quem não tem objectivas fixas (ou primárias como também
se diz) sugiro uma abordagem um pouco mais difícil de respeitar: sair de casa
com o firme propósito de usar apenas um ângulo pré-definido da zoom que possui.
E manter-se com esse ângulo (ou distância focal) todo o dia ou boa parte dele.
É bem mais difícil, já que a facilidade da zoom nos leva a “fazer batota”, mas
é uma questão de disciplina individual.
Esse foi um dos principais motivos de querermos, num
conjunto para jovens aprendizes, uma 50mm. Disciplina visual, por muito “louco”
que possa ser o resultado final.
By me
domingo, 30 de abril de 2023
Peças raras
Um fotógrafo sente-se realizado quando o trabalho final
cumpre aquilo que imaginou antes de primir o botão da câmara. Essa é a sua
satisfação.
E a câmara (objectivas, luz, etc), bem como a pós produção,
são as ferramentas que usa para tal.
Mas também encontra satisfação no uso da ferramenta. Não
apenas porque lhe permite obter o resultado pretendido mas no seu manuseio:
facilidade no uso, o bem ficar na mão que a usa e, não pouco importante, a
estética da ferramenta. A “Belle Époque” e o movimento Bauhaus bem o sabiam e
bem se esforçaram para o conseguirem.
Há uns anos “deitei as mãos” a esta objectiva. A da
esquerda. Uma Takumar 135 1:3,5. Para além de bonita, para além de ter sido
fabricada no ano em que nasci, para além de estar em estado de práticamente
nova, custou metade do que me custou o adaptador para a poder usar nas câmaras
digitais. Guardo-a com carinho.
Tem ainda a particularidade de ter um sistema de “presset”
para o diafragma. Um sistema hoje obsoleto e poucos saberão o que é ter o
diafragma aberto para enquadramento e focagem e ter que o fechar manualmente
para fotografar.
Eis que hoje, numa feira de rua, encontro outra peça
igualmente incomum: um multiplicador focal. À direita. Para quem não sabe, o
colocar isto entre a objectiva e a câmara aumenta a “potência” da objectiva.
Para quem sabe, saberá igualmente que este sistema era e é o sistema dos pobres
para se ter uma objectiva potente, com o sacrfício da qualidade da imagem.
Este é mais incomum por dois motivos: por um lado porque em
vez de multiplicar por dois, o habitual, multiplica por três. A perda de
qualidade é equivalente. Mas também divide por três (grosso modo) a
luminosidade do conjunto. Este tem de incomum o possuir uma escala na sua base
que nos indica qual o diaframa (ou transmissão de luz) real que se tem para
usar. Coisa que hoje, com os medidores de luz incorporados nas câmaras, nem se
pensa ser nessessário. Na época (anos ’60), o habitual era usar um fotómetro
manual ou ter o olho treinado. Ou usar a regra do “Sunny 16”. E haveria que ter
esta ajuda se se queria uma fotografia bem exposta.
Se me perguntarem se o irei usar, a resposta é sim. Não faz
sentido possuir uma peça destas, a funcionar, sem lhe dar uso ou, pelo menos,
ter testado. Com a antecipação óbvia das questão de qualidade do resultado.
Fica na mala das M42.
By me
domingo, 23 de abril de 2023
Abris
Já não há fascismo. Já não há PIDE. Já não há censura. Já
não há guerra colonial. Já não há caciques. Já não há bufos.
Não é verdade!
Ainda há censura, embora encapotada.
Ainda há caciques, embora com vários cartões.
Ainda há bufos, mas não ideológicos: ambições de carreira,
actualmente.
As revoluções são momentos específicos no tempo. As mais das
vezes, o mais notório que dá origem aos actos revolucionários extingue-se de um
modo ou de outro.
Mas aquilo que é inerente ao ser Humano mantém-se. Por cultura
ou por genética.
Quase meio século passou sobre Abril. E festeja-se a data
com alegria. Mesmo que a maioria dos cidadãos não saiba, na pele, o que foi o “antes
de”. Saberão por aquilo que leram, por aquilo que ouviram aos antigos, pelos
filmes e séries, por aquilo que romancearam.
Mas quando alguém é afastado de funções porque a chefia não
gostou do olhar que recebeu; quanto se ouve “cala-te, que falas e escreves
demais”; quando se “inventa um caso” para esconder outro; quando há figuras que
são alvo de notícia, várias vezes ao dia, em detrimento de outras; quando os
representantes representam os seus próprios interesses ou ideias, em detrimento
dos representados; quando os ideais políticos e partidários semelhantes aos de
antigamente ganham força entre os cidadãos...
Abril acabou há quase meio século. Hoje estamos em Maio,
ou Outubro, ou Fevereiro. O mês é outro, os ingredientes e métodos são outros,
as guerras fazem-se com petro-dolares ou petro-rublos.
Se não estivermos alerta para o regresso daquilo que não
quisémos, se não nos acautelarmos para novas ditaduras e métodos repressivos,
se não escutarmos com espírito crítico os discursos castrantes, mais ou menos
inflamados, se não afastarmos os candidatos a não democratas no poder...
De nada servirá descermos a avenida dando vivas ao que foi.
O que será virá igual com outras roupagens e outras formas de servidão
famélica.
Festeje-se a revolução. Mas acautele-se o futuro. Todos os
dias.
By me
sábado, 15 de abril de 2023
Ferramentas
A importância de uma ferramenta está na proporção directa
daquilo que se é capaz de fazer com ela.
É por isso que eu, em tendo acesso a uma ferramenta que não
conheço mas sobre a qual só posso deduzir as suas potencialidades, trato de ir
praticando e fazendo experiências com ela até que me seja “natural” o seu uso. Tentando
perder a lógica e hábitos de outras ferramentas e procurando adaptar-me a novas
lógicas e métodos.
No caso de objectivas, haverá que “ver” com o seu ângulo de
visão, com as suas distâncias de trabalho, focagem e profundidades de campo.
Haverá que antever as perspectivas que permite, o como evidenciar centros de
interesse pertinentes e anular conteúdos impertinentes.
E perceber quais as potencialidades e limitações que cada
uma tem e decidir se é aquele ângulo de visão (vulgo distância focal ou potência)
é ou não útil para materializar aquilo que vimos e imaginámos.
Admito que é um desafio pessoal e muito intimista o olhar
para algo e decidir qual a objectiva certa para o que quero. Claro que o uso
das objectivas zoom facilita o trabalho, mas quero mesmo é dizer-me “Para isto
é uma XXmm”. E sinto-me realizado se a minha escolha, com mais ou menos algum
ajuste, é a certa.
Tal como é um desfio pessoal encontrar soluções técnicas e
estéticas para contar o que quero dispondo apenas de uma objectiva: perspectiva
e enquadramento. E é aqui que recorro à objectiva zoom mais antiga que conheço e
que funciona a dois tempos: pé direito e pé esquerdo. Porque, e como costumo
dizer, se a luz é a minha matéria-prima, a perspectiva é a minha ferramenta.
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terça-feira, 11 de abril de 2023
A minha janela
A minha câmara é a minha janela, de onde vejo outras
janelas, mais pudica ou despudoradamente permeáveis, cada uma contendo um
minúsculo pedaço daquilo a que chamamos vida.
No rectângulo do meu visor só cabe uma ínfima parte das
janelas que vejo com a minha janela, abrindo as vidraças ou obturador, fixando
num efémero para sempre aquilo que a janela da minha alma viu.
Mais que um voyeur como muitos portadores de câmara, mais
que um caçador de troféus imagéticos como tantos outros, mais que um pseudo-artista
que tenta pintar com a palete de cor da luz, da ou com a minha janela tento
juntar as peças de um puzzle com o qual talvez seja possível construir um outro
e melhor edifício a que chamamos vida. Em que a beleza do material e imaterial
esteja dos dois lados da vidraça.
By me
domingo, 9 de abril de 2023
À tardinha
Uma ocasião, regressava eu a casa ao fim do dia e sou
saudado por um motociclista numa esquina. Buzina e aceno.
Acenei de volta, claro está, que sou bem educado, mas não
tinha a certeza de quem seria, ainda que o capacete e a moto me dessem algumas
pistas.
Uns dias passados, em encontrando uma colega, questionei-a
sobre o episódio e se teria sido ela então.
Retorquiu-me que sim e que tinha achado graça o ver-me ali,
parado, no meio de quase nada.
Tentei explicar-lhe, mas não sei se consegui, que desde
sempre ou quase que faço isso. Em não tendo motivos para andar depressa,
caminho devagar, parando de quando em vez para apreciar o que me cerca e deixar
que a mente me leve para outras ideias e paragens. Pessoas, espaços e luz,
mesmo que conhecidos por ao pé de casa, são sempre diferentes, sempre
apelativos, tanto quanto uma cidade desconhecida algures nos antípodas. E as
ideias não têm nem tempo nem geografia.
Não sei se me entendeu. Consumidora dos últimos gadjets,
alheada do que a cerca com música nos auscultadores, creio que a vida e o mundo
passam por ela como chuva no vidro, protegida que está no mundo que escolheu e
onde se refugia. À velocidade das redes de comunicação e das publicidades da
tecnologia.
Sei-a mais ou menos feliz nesse rumo que segue. Pelo menos
aparenta, que não somos próximos. Mas o seu mundo não é, garantidamente o meu. E,
estou certo, muito do de belo que vou vendo e apreciando é-lhe tão rápido que
nem dele se apercebe. Ou lhe altera a vida.
Vantagem de quem caminha, no lugar de se deslocar de moto.
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terça-feira, 4 de abril de 2023
Equivalente
Longe de mim equiparar-me aos mestres! No caso Edward Weston
(1856-1958).
Mas o mestre por vezes fotografava formas, por vezes nuvens,
e titulava essas fotografias de “equivalente”.
Na sua forma de ver, pensar, sentir, aquelas formas,
fotografadas daquele modo, equivaliam aos seus sentimentos naquele momento.
Algumas dessas fotografias são magistrais, outras apenas formas que para ele
foram apelativas mas que, pelo menos para mim, mais não são que formas ou
nuvens sem que me transmitam mais nada que isso isso mesmo.
Também eu, por vezes, me sinto tentado a seguir o mesmo
caminho. Formas ou objectos sem outro significado que corresponderem ao que
sinto no momento. De bom ou nem tanto.
Neste caso não começou por aí. Em saindo do cafézinho perto
de casa, notei como estes galhos despidos balanceavam com a aragem, que quase
nem se sentia cá em baixo, no chão. Foi ao aproximar-me das árvores que elas
falaram comigo e que me impeliram a um ou vários “bonecos”. Sem mais
significado que isso: um equivalente do que sentia.
A objectiva de 50mm limitava-me as possibilidades de
enquadramento. Ou, vistas as coisas de outro modo, obrigava-me a procurar o
enquadramento que correspondesse ao que me ía por dentro.
Um “boneco”, outro com outra perspectiva, escolha de outra
árvore e outro “boneco” e, na última, parei.
Por entre os galhos escuros, contrastando com o céu branco,
um apontamento de cor: uma folha verde, piquinininha, despontava. Um aviso
indiscutível sobre os ciclos da vida e que, depois do inverno, a primavera
chegará. Nas árvores e nos homens.
Não a fotografei. Não tinha a objectiva certa para tal. Mas
ficou-me o registo, indelével, no local onde guardo todas as minhas
fotografias: na alma.
By me
segunda-feira, 3 de abril de 2023
O pára-sol
Quais são as probalilidades de encontrar este pára-sol em estado novo, com o respectivo estojo e na caixa original numa feira de rua? E vendido por 10 euros?
Particularmente diminutas, convenhamos.
Mas acordar com aquela sensação de “tenho que lá ir”, deixar para depois outras tarefas para ceder ao impulso, abalar de casa com destino certo e acabar por voltar com um prémio destes... é quase como comprar uma cautela e ter prémio.
O problema é que gosto de saber um pouquinho da história de cada peça que tenho. E deste pára-sol só encontro na net que está esgotado. Nenhuma outra referência ao Pentax PH-S49 para 50mm 1:1,4 ou 1:1,7. Existem de outros fabricantes, a preços que nem se comparam, mas aquilo que quero...
Alguém sabe, ou desconfia, entre que anos foi isto fabricado?
É anterior aos pára-sois de baioneta, o que o coloca no séc. XX. É de plástico rígido, o que o coloca posterior aos anos ’70, suponho. Mas algum rigor para além de suposições?
By me
sábado, 25 de março de 2023
segunda-feira, 20 de março de 2023
Peças raras
É verdade que sim! Gosto de me passear pelas feiras de rua,
em particular as de velharias e artesanato, por vezes tudo misturado na mesma
banca.
As mais das vezes o que consta por lá não me interessa, pelo
que acabo por não fazer despesa. Mas às vezes...
Às vezes aparecem, no meio de muita tralha, pequenas coisas
em que o meu olho se prende e acabo por trazer uma preciosidade. Claro que o
conceito de preciosidade varia muito com quem classifica.
Daquela vez foi num local onde não tinha ainda estado e não
ía com grandes ou pequenas expectativas: avaliar o locar e os vendedores, que
variam muito em função dos eventuais clientes da zona.
Numa banca, meio perdida, esta caixinha. Pequenina que é,
quase nem se notava, não fora a alvura da toalha, que a deixava em evidência.
Pedi para ver e era o que pensava: um rolo de película fotográfica. De um
formato que não conhecia, mas que mais tarde vim a saber ser 16mm, o mesmo que
consta nas cassetes formato 110.
Três coisas me atraíram: os três euros que me pediram por
isto, o formato e a data de validade. Junho de 1957. Confesso que rolos antigos
não são a minha paixão. É sabido que perdem qualidades de registo, ou
sensibilidade, com o passar do tempo. Creio ter lido ou ouvido algures que será
algo como metade da sensibilidade por cada dez anos.
Sendo certo que a embalagem tem escrito 30º Sch, que
corresponde a Scheiner, que o fabricante é alemão, o faz com a escala seja a
europeia e não a americana, e consultando uma tabela de equivalências de
diversas escalas de sensibilidade, temos que em 1957 a sensibilidade correspondia
a ISO 64, em valores e escalas actuais.
Usando a regra do “metade por cada dez anos”, temos que se
quisesse usar este rolo hoje, supondo que tenho câmara para ele e não tenho,
teria que pensar que tem uma sensibilidade de 1 a 2 ISO.
Já fotografei, há uns bons 40 anos, com película de
sensibilidade 6 ISO. Agora 1 ISO, juro que nunca.
Fica, como está, junto com algumas outras peças estranhas ou
incomuns, de âmbito fotográfico, que por aqui tenho.
Na fotografia ilustrativa, a caixa que comprei e a tampa de
uma caixa de um rolo de 35mm, hoje o habitual nas lojas.
By me
Votos de boas festas
Na antiga Pérsia e nesta data astronómica celebrava-se o ano
novo.
Faz sentido, se pensarmos que é na primavera que temos as
primeiras colheitas, em que os dias se tornam maiores que as noites, em que o
clima se torna mais ameno. E é um momento ou um dia observável e importante,
não importa as guerras ou os nascimentos entre os homens.
Ainda hoje, e como tradição, tal efeméride é celebrada, pese
embora os calendários sejam outros e a cultura ocidental tenha imposto o seu
próprio ritmo pelo mundo fora. Ou tentado, pelo menos.
A todos vós feliz equinócio e bom novo ano.
By me