Longe de mim equiparar-me aos mestres! No caso Edward Weston
(1856-1958).
Mas o mestre por vezes fotografava formas, por vezes nuvens,
e titulava essas fotografias de “equivalente”.
Na sua forma de ver, pensar, sentir, aquelas formas,
fotografadas daquele modo, equivaliam aos seus sentimentos naquele momento.
Algumas dessas fotografias são magistrais, outras apenas formas que para ele
foram apelativas mas que, pelo menos para mim, mais não são que formas ou
nuvens sem que me transmitam mais nada que isso isso mesmo.
Também eu, por vezes, me sinto tentado a seguir o mesmo
caminho. Formas ou objectos sem outro significado que corresponderem ao que
sinto no momento. De bom ou nem tanto.
Neste caso não começou por aí. Em saindo do cafézinho perto
de casa, notei como estes galhos despidos balanceavam com a aragem, que quase
nem se sentia cá em baixo, no chão. Foi ao aproximar-me das árvores que elas
falaram comigo e que me impeliram a um ou vários “bonecos”. Sem mais
significado que isso: um equivalente do que sentia.
A objectiva de 50mm limitava-me as possibilidades de
enquadramento. Ou, vistas as coisas de outro modo, obrigava-me a procurar o
enquadramento que correspondesse ao que me ía por dentro.
Um “boneco”, outro com outra perspectiva, escolha de outra
árvore e outro “boneco” e, na última, parei.
Por entre os galhos escuros, contrastando com o céu branco,
um apontamento de cor: uma folha verde, piquinininha, despontava. Um aviso
indiscutível sobre os ciclos da vida e que, depois do inverno, a primavera
chegará. Nas árvores e nos homens.
Não a fotografei. Não tinha a objectiva certa para tal. Mas
ficou-me o registo, indelével, no local onde guardo todas as minhas
fotografias: na alma.
By me
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