Por dois motivos não gostei do resultado eleitoral de ontem.
E não antevejo um futuro risonho para os portugueses.
Por um lado, uma maioria absoluta é sempre perigosa. Significa
que apenas uma tendência ou linha de pensamento decide e age, não sendo forçada
a considerar as demais. É o perigo da democracia, pior ainda quando se trata de
democracia representativa e não participativa.
Seja qual for o partido ou filosofia em causa.
Uma maioria relativa, obrigando a acordos e negociações,
leva a que mais eleitores se sintam representados nas decisões.
Esta opinião não é apenas resultado de pensamentos ou
cogitações minhas, mas também da observação da História. Portuguesa ou outra.
Por outro lado, não me agrada saber a extrema direita desta
forma representada no parlamento. Mesmo que o número de deputados não seja
significativo para a gestão do país.
E se isto significa uma grande quantidade de concidadãos a
pensarem de um modo diametralmente oposto ao meu – terei que viver com isso já
que sou defensor da liberdade e da democracia – assusta-me pensar que muitos
poderão sentir-se legitimados pela representação parlamentar para terem
comportamentos sociais desviantes. Na família, no trabalho, no desporto, no
lazer... Os arruaceiros, misóginos, racistas e xenófobos sentir-se-ão de pulso
livre para agirem como tal.
Uma vez mais, este pensamento não será original mas também fruto
da observação do que tem acontecido em diversos países nos últimos tempos. Em todos
os continentes.
Desconfio da tranquilidade do futuro. Em termos de gestão da
coisa pública, em termos de legislação e em termos de comportamentos
individuais ou de pequenos grupos.
Digo eu, que me entendo como acrata!
By me
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