segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Equilíbrios e a falta deles




Por dois motivos não gostei do resultado eleitoral de ontem. E não antevejo um futuro risonho para os portugueses.

Por um lado, uma maioria absoluta é sempre perigosa. Significa que apenas uma tendência ou linha de pensamento decide e age, não sendo forçada a considerar as demais. É o perigo da democracia, pior ainda quando se trata de democracia representativa e não participativa.

Seja qual for o partido ou filosofia em causa.

Uma maioria relativa, obrigando a acordos e negociações, leva a que mais eleitores se sintam representados nas decisões.

Esta opinião não é apenas resultado de pensamentos ou cogitações minhas, mas também da observação da História. Portuguesa ou outra.

Por outro lado, não me agrada saber a extrema direita desta forma representada no parlamento. Mesmo que o número de deputados não seja significativo para a gestão do país.

E se isto significa uma grande quantidade de concidadãos a pensarem de um modo diametralmente oposto ao meu – terei que viver com isso já que sou defensor da liberdade e da democracia – assusta-me pensar que muitos poderão sentir-se legitimados pela representação parlamentar para terem comportamentos sociais desviantes. Na família, no trabalho, no desporto, no lazer... Os arruaceiros, misóginos, racistas e xenófobos sentir-se-ão de pulso livre para agirem como tal.

Uma vez mais, este pensamento não será original mas também fruto da observação do que tem acontecido em diversos países nos últimos tempos. Em todos os continentes.

Desconfio da tranquilidade do futuro. Em termos de gestão da coisa pública, em termos de legislação e em termos de comportamentos individuais ou de pequenos grupos.

Digo eu, que me entendo como acrata!



By me

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