Há uns anos valentes, numa das minhas idas aos “Encontros de
Fotografia de Braga”, visitei uma em exibição na Fábrica Confiança.
Trata-se (ou tratava-se) de uma fábrica de sabonetes, sabões
e shampôs, aquelas coisas que usamos para limpar o corpo.
Foi num domingo e fui o primeiro a visitar a exposição e
usufruir das fotografias sem que outros visitantes me atrapalhassem com comentários
ou a passarem à minha frente. Como eu gosto.
No final da ronda, meti conversa com o vigilante, que era um
guarda da fábrica. Elogiei o edifício e ele gostou, contando-me que já ali trabalhava
há tanto tempo que lhe perdera a conta. E convidou-me para “dar uma voltinha”
pela fábrica, começando pelos armários onde guardavam exemplares de tudo quanto
já tinham fabricado.
Foi uma viagem ao passado, pois ali revi embalagens de
outros tempos, que me acordaram memórias de infância. Os sabonetes com figuras
infantis, os que tinham um cordão para pendurar na beira da banheira, os
quadrados, os ovais, os de pontas arredondadas, os dos hoteis... eram algumas
centenas de exemplares, feita numa fábrica com muitas dezenas de anos.
Depois convidou-me a visitar a zona de produção propriamente
dita. Máquinas, caldeiras, matéria-prima, zona de embalagem...
Fiquei aterrado! Toda aquela matéria-prima que não vos vou
descrever, todo o processo de sabonária industrial, era tão “nojento” que me
perguntei como é que eu usava aquilo para limpar o corpo, incluindo o rosto, e
tratar da pele. Admito que o meu estômago encontrou espaço no meu ventre para
passear e só não se manifestou para o exterior porque lhe dei ordens para isso.
Claro que continuo a usar sabões e sabonetes, sólidos ou
líquidos. E a ficar satisfeito com o resultado e com os aromas. Tacto, visão e
olfacto agradecem, sem pensar em mais. Mas quando recordo o que vi e cheirei...
Vem isto a propósito dos negacionistas e dos que se recusam
a serem vacinados. Não sabem o que recebem no organismo e têm receio das
consequências.
A esses, gostava de recordar a penicilina foi descoberta a
partir de bolores, que os antigos usavam veneno de cobras para curar doenças e
que ninguém questiona o conteúdo de uma aspirina ou creme para queimaduras. Já
para não falar da quimioterapia.
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