segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Quando a ética se sobrepõe à estética




É verdade que sim! Gosto de fotografar flores e folhas.

Gosto de ver a suavidade das suas texturas, gosto de registar os seus contornos trabalhados, gosto de sentir como a luz as atravessa, gosto de constatar como as suas nervuras se espraiam e desenvolvem.

Agora é garantido que nunca as fotografo em ambientes controlados! Aquela coisa de termos a luz como a queremos, de sabermos que o vento não as tira de foco e de podermos usar o tempo de exposição que entendemos sem que haja imagens tremidas… esse tipo de fotografias não faço!

E o motivo é razoavelmente simples: não me entendo dono do universo para poder decidir quais os seres vivos que devem morrer para meu deleite!

Matar um animal – mamífero ou insecto – ou uma planta – flor ou folhas – apenas porque me apetece fazer uma fotografia, numa espécie de orgasmo visual, isso é algo que me recuso fazer.

Se as condições o permitirem – luz, terreno, vento, perspectiva, técnicas – lá tentarei dar um arzinho da minha graça e trazer para casa um ícone daquilo de que gostei. E, se tiver arte e engenho, será quase tão bonito quanto o animal ou planta vivo de que gostei.

A alma também se alimenta. E, ao contrário do estômago, é de coisas vivas e belas. A morte pouco ou nada tem de belo, mesmo a de uma folha, se for eu a provocá-la!


By me

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