segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Photographia e o acto photográphico




Eis-me a fotografar e a fotografia resultante. Ou, vistas as coisas por uma ordem natural de leitura, eis uma fotografia e o acto de fotografar.

Pese embora o resultado deste jogo fotógrafo/câmara/fotografado seja algo de agradável de ver, que os “olhos da lua” (a private joke) até que são bonitos, o que se vê na imagem de baixo é uma agressão!

Ter uma coisa daquelas, comprida que nem um cano de arma, apontada para nós, sem que saibamos muito bem o que vai resultar, sem saber o que quem está do outro lado está a ver de nós e como o está a ver, acrescido desta proximidade, é uma agressão!

A fotografia, hoje banalizada visto que não há cão nem gato que não possua uma forma de a fazer, é uma forma de intrusão, de agressão. E a banalização do acto de fotografar torna-nos a todos permissivos. Em fotografar ou ser fotografado. Quer se trate de uma fotografia assumida e descarada como esta, ou qualquer outra, tantas vezes feita na discrição de uma teleobjectiva potente ou de uma câmara minúscula e dissimulada. Para já não falar em todas as câmaras de vigilância que, pela força do hábito, já nem vemos. Mas que nos fotografam, videografam, registam e arquivam o que somos ou aparentamos ser, com ou sem que tenhamos consciência disso.

Uma intrusão na vida de cada um!

Por mim, tenho um hábito do qual, até hoje, não advieram dissabores, bem pelo contrário: raramente fotografo alguém sem ter algum tipo de permissão para tal. Tão explícita quanto neste caso ou, em alternativa, com um olhar cúmplice prévio e um gesto demonstrativo do acto. A expressão de quem a tal se dirige é, em regra, quanto basta para me dizer se o posso fazer ou não. Que procuro respeitar.

Enquanto fotógrafo e cidadão, sei o quão agressivo pode ser e é uma fotografia (ou vídeo ou cinema). Talvez que isso explique a generalidade dos assuntos por mim abordados. Que procuram retratar o ser Humano sem que dele use e abuse, como acontece nos tempos que correm.


By me

Sem comentários: