sábado, 8 de janeiro de 2022

Fim do dia na cidade



 

A noite é escura. O sol escondido justifica-o

Mas a noite humana é mais que apenas escura: é contraste.

Como não gostamos da escuridão, inventámos forma de a alumiar, de diversas formas. E nós, fotógrafos, se a queremos mostrar, usamos esse mesmo contraste. Tal como os pintores.

Mas a natureza, mesmo sem a intervenção humana, dá-nos esse contraste. No fim do dia, em que o sol baixo nos dá zonas de sombra e penumbra, tal como nos dá zonas de iluminação generosa, o contraste é notório e difícil de trabalhar.

Numa cidade de colinas como Lisboa, o final do dia é isso mesmo: zonas que ainda recebem a luz solar e zonas onde esta quase não chega. E onde só a capacidade de adaptação da visão é capaz de discernir objectos, pessoas e espaços.

Dentro de um elétrico, num fim de dia, entre duas colinas e emparedado por prédios seculares, difícil será tudo mostrar sem introduzir luz adicional. Mas isso seria estragar a ambiência vivida.

E cumprimentos a Rafael Santos, guarda-freio de ofício e por amor ao ofício. Pergunto-me quantas colinas os seus velhinhos elétricos sobem e descem, com turistas em busca do pitoresco e residentes que só deste modo chegam a casa.


By me

Sem comentários: