A noite é escura. O sol escondido justifica-o
Mas a noite humana é mais que apenas escura: é contraste.
Como não gostamos da escuridão, inventámos forma de a
alumiar, de diversas formas. E nós, fotógrafos, se a queremos mostrar, usamos
esse mesmo contraste. Tal como os pintores.
Mas a natureza, mesmo sem a intervenção humana, dá-nos esse
contraste. No fim do dia, em que o sol baixo nos dá zonas de sombra e penumbra,
tal como nos dá zonas de iluminação generosa, o contraste é notório e difícil
de trabalhar.
Numa cidade de colinas como Lisboa, o final do dia é isso
mesmo: zonas que ainda recebem a luz solar e zonas onde esta quase não chega. E
onde só a capacidade de adaptação da visão é capaz de discernir objectos,
pessoas e espaços.
Dentro de um elétrico, num fim de dia, entre duas colinas e
emparedado por prédios seculares, difícil será tudo mostrar sem introduzir luz
adicional. Mas isso seria estragar a ambiência vivida.
E cumprimentos a Rafael Santos, guarda-freio de ofício e por
amor ao ofício. Pergunto-me quantas colinas os seus velhinhos elétricos sobem e
descem, com turistas em busca do pitoresco e residentes que só deste modo
chegam a casa.
By me
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