sábado, 8 de janeiro de 2022

Em torno de uma fotografia

 


 

Imaginemos que queremos falar a uma plateia num auditório e que o fazemos em murmúrio.

A menos que seja usado um sistema de amplificação de som, a maioria não ouvirá que dizemos.

O mesmo acontece com a imagem: O tamanho da imagem conta!

Esta fotografia vista num ecrã de computador ou impressa em 13x18 terá toda a sua mensagem perceptível. Vista num telemovel o mais provável é perder o seu eventual impacto, ao serem pouco visíveis os pombos no tejadilho.

E se a fotografia é tudo aquilo que medeia entre o que o fotógrafo vê e o que o público vê, se o primeiro não considerar o segundo algo no acto de comunicar se perde.

Sabemos que uma fotografia é observada durante bastante mais tempo se exibida numa galeria do que na web. E que, entre uma coisa e outra, ficam livros e revistas.

As fotografias, ao serem vistas e entendidas na web e, ainda pior, em ecrãs pequenos, forem complexas, com pequenos detalhes, quase é garantido que serão ignoradas. E um fotógrafo não quer que o seu trabalho seja ignorado.

Tem isto por consequência que a produção fotográfica, no seu consuma mais normal actualmente, se transformou em algo simples de ler e de entender: linhas simples, poucos detalhes de forma ou de luz, exclusão de múltiplos planos...

O consumo digital da imagem fotográfica está a transformar a sua produção, reduzindo-a à sua mínima expressão. Usando um termo forte, está a estupidificar o fotógrafo.

A menos que, claro está, o fotógrafo não se preocupe tanto com os agrados que possa ter e trate de fazer aquilo que a alma lhe diz para ser feito. Que se preocupe mais com a sua própria satisfação que com o acolhimento que possa ter por parte do público.

Mas isto não só não dá dinheiro como não dá popularidade. E se um alimenta o estômago, a outra alimenta o ego.


By me

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