Um relógio é um aparelho de medida. Nada de novo nisto.
Mede aquilo que não é palpavél nem visível, o que torna o
aparelho e as suas medições subjectivas.
Dizer que é meio-dia e vinte ou meio-dia e quarenta e cinco
é nada significativo se pensarmos num intervalo de um mês, por exemplo.
Mas serve esse aparelho para regular a ctividade humana. Os cães,
por exemplo, não se preocupam com as posições dos ponteiros ou os algarismos
visíveis.
Mas quando nós, humanos, temos um compromisso, uma das
primeiras coisas que tentamos honrar é o respectivo prazo ou momento de
execução. Tal como um montão de outras actividades para as quais o tempo e a
sua medição é importante, senão mesmo vital.
A navegação, marítima, aérea ou terrestre depende da medição
do tempo e dos seus intervalos. Tal como a actividade laboral, na marcação de
início e fim. Já nem falo nos aparelhos que usamos com a maior banalidade –
telefones portateis e computadores – em que o seu funcionamento interno depende
de frequências e estas mais não são que uma forma de medir o tempo ou algo por
unidade de tempo.
Assim se percebe, o relógio e o que ele nos mostra acaba por
ser algo imprescindível na actual sociedade. E a sua regulação é vital. Tal como
a sua tirania.
Mas sentimos estranho, desagradável mesmo, que num interface
de transportes colectivos, existam relógios parados. Ou com ausência de
ponteiros ou de algarismos. Ficamos sem saber a quantas andamos, se o belo do
comboio ou autocarro já partiu ou ainda não chegou ou se temos ou não
oportunidade de um cigarrito ou mesmo de um café.
O pior mesmo é quando funcionam na sua contagem e exibição
mas estão desregulados. Uns minutos ainda se toleram. Caramba! Todos nós
conhecemos as leis de Murphy e sabemos que dois aparelhos de medida iguais, nas
mesmas circunstâncias, mostram resultados diferentes. Relógios incluídos.
Agora que tenham diferenças de uma hora?!
É o que sucede neste local onde, aquando da mudança de hora
semestral, este exemplar não foi acertado. Mostra-nos a hora de verão e está na
origem de inúmeros sustos dos incautos ou ignorantes da desregulação, ao olharem
para ele e se aperceberem que estão uma hora atrasados, seja lá para o que for.
Até os que o sabem, como eu, demoram um ou dois segundos a
descodificar o tempo e este seu medidor e a tranquilizarmo-nos.
Sendo que este local faz parte dos meus trajectos a caminho
do trabalho, já pensei em contactar quem disto trata e pedir a respectiva
correcção. Mas sempre me deixei ficar na quietude de quem gosta de ver o susto
estampado nos rostos de quem ali chega e para ele olha.
Ninguém disse que sou perfeito ou que não tenho uma costela
de sádico. Talvez até seja parente de quem não o acertou, quiçá
propositadamente.
By me
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