Se eu bem recordo, o mais complicado de fazer nesta fotografia foi o conseguir retirar o fundo da garrafa para conseguir controlar o fluxo de líquido que verteria.
Azeite, um ferro em brasa e muito cuidado para o conseguir
fazer entrar pelo gargalo sem lhe tocar. Com muita paciência consegui à
primeira.
Em seguida foi o conseguir posicionar a garrafa. Guita, fita
adesiva, molas de roupa, braçadeiras de mangueira... tudo o que tinha à mão.
Já os cubos de gelo aguentaram todo o tempo que quis, mesmo
sob o calor das lâmpadas de 500w que usei para iluminar a cena. Feitos de
acordo com um truque apendido num almanaque de fotografia: gelatina alimentar
incolor, água e formas de gelo. Infalível e com o aspecto e capacidade de
flutuar do gelo convencional.
O resto foi enquadrar tudo com a câmara de grande formato
que estava a usar, controlando a profundidade de campo no vidro despolido com o
auxílio de uma lupa, colocar o chassis carregado com diapositivo em película
rígida para 3200K, usar uns filtros para “aquecer” o fundo, bem medir a luz e
premir o cabo disparador.
Mais que recordar, sei que só fiz uma fotografia, que isso
era parte do desafio que nos haviamos imposto: fazer uma só fotografia a “publicitar”
um produto sem evidenciarmos a respectiva marca.
Saudáveis competições que fazíamos, uns quantos amantes de
fotografia, sem classificações nem prémios, algures na primeira metade dos anos
’80.
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