sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Improvisos




E porque tive que falar em rolos reutilizaveis, recordo um episódio em que a capacidade de improviso foi a principal ferramenta:

Estava de férias, fotografava em preto e branco e comprava a película virgem em bonines de 30 metros, colocando-a à medida em invólucros usados.

Para o efeito usava um bobinador que muito facilitava a tarefa. Mas haveria que saber fazer a coisa.

Naquela cidade do interior, um dos rolos soltou-se no final do núcleo do invólucro. Barraca da grossa, que não poderia abrir a câmara em condições normais sem “queimar” e destruir a imagenns já feitas.

Ainda tentei, junto de dois fotógrafos locais, usar a sua câmara escura para o fazer, mas fui recusado. Suponho que o meu aspecto os tivesse assustado.

Mas eu sabia o que queria e as minhas mãos sabiam fazer sem que os olhos precisassem de confirmar. Improvisei!

Procurei um café cuja casa de banho estivesse minimamente limpa.

Em cima da tampa da sanita coloquei o meu casacão todo bem enrolado, dentro do qual estava a câmara e uma caixa de película Kodak. Recorde-se que estas são pretas e bem estanques à luz.

Metendo os meus braços pelos braços do casaco, mas pelas pontas das mangas, lá abri a câmara no meio daquilo tudo, desenrolei a película da câmara e voltei a enrola-la para dentro da caixinha plástica.

Entenda-se que já tinha alguma experiência em trabalhar com câmara escura portátil, para carregar chassis de grande formato e magazins de cinema.

Agora dentro de um casaco, em cima de uma sanita, foi uma estreia.


By me

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