quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Manias linguísticas




No meu ofício temos tarefas ou trabalhos de rotina. Diários, semanais ou mensais.

Apesar de serem todos trabalhos de equipa, há sempre um responsável, alguém que dá o nome e a cara pelo trabalho de todos. E que coordena o que se vai fazendo.

Em tempos tínhamos um desses trabalhos, agora fora de produção. Tinha uma excelente aceitação por parte de quem o consumia e era um dos ex-libris da empresa.

Mas o seu responsável era exequeravel no trato com a equipa, ou com parte dela. Apesar de todos termos orgulho no resultado final, odiávamos ter que o fazer por causa do comportamento e atitudes desse responsável.

E esse nosso asco era tal que nem dizíamos o nome da tarefa. Mais: quem tivesse a desdita de o dizer sem querer, enquadrado em qualquer outra frase ou sentido, era “punido” com o pagamento de uma rodada de cafés a quem estivesse por perto e o ouvisse.

Alguns de nós, para fugirmos à punição, alterámos o nosso vocabulário corrente, usando outros termos equivalentes por rotina. Ainda hoje, passados tantos anos, evito dizer o termo, usando o verbo “suceder”.

A exemplo deste episódio do passado distante uns vinte anos e noutras circunstâncias, passei agora a usar o verbo “bastar”, nas suas diversas conjugações. Assim evito deslises e dizer uma palavra que me remete para algo maldito do nosso presente.

Manias!

 

Imagem roubada da net


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