segunda-feira, 12 de março de 2018

Telefones




A situação aconteceu há anos. Infelizmente foi há anos.

Numa loja de papelaria do centro da cidade, em que o balcão rivalizava na idade com quem nos atendia, esperávamos três que um quarto fizesse as suas compras.
De súbito tocou o telefone. Na época não existiam telemóveis e os telefones possuíam uma campainha estridente para que o seu toque fosse bem ouvido.
Quem atendia ignorou o sucedido, continuando a trazer os artigos que o cliente pedira.
E o telefone continuava a tocar. Estridentemente, reclamando por atenção.
Um dos que, como eu, aguardavam vez, alertou o caixeiro para o facto e a resposta deixou-nos boquiabertos:
“Eu sei. É, provavelmente, um cliente a querer deixar a lista de compras sem ter que estar aqui à espera, como os senhores. Mas aqui eu atendo por ordem de chegada. É depois daquele cavalheiro.”

O que eu lamento que esta loja já tenha fechado!
E que o seu exemplo não seja seguido!
Faz-me sair do sério ser preterido num qualquer atendimento só porque um telefone, móvel ou não, toca. Ou chega uma mensagem. Ou alguém se aproxima e interrompe porque entende ter qualquer prioridade não institucionalizada.



By me

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