quinta-feira, 22 de março de 2018

Smartcâmara




Quando, há uns anitos valentes, decidi comprar um telemóvel que fizesse fotografias, esse era o meu objectivo: fazer fotografias com um telemóvel.
Pesquisei na net as diversas características de diversas marcas e modelos e, ainda assim, quis ouvir as opiniões de vendedores, supostamente mais sabedores da matéria.
Mas quis também levar a coisa na brincadeira, pelo que ia entrando nas lojas de telemóveis de centros comerciais e perguntava: “Procuro uma câmara fotográfica que também faça chamadas telefónicas. O que tem para venda?”
As pessoas a quem dirigia a pergunta ficavam a olhar para mim, como se um ET eu fosse, pela inversão de valores e prioridades.
Acabei por comprar um excelente aparelho, na altura, que só retirei de uso porque a sua bateria, após anos de trabalho, “deu a alma ao criador”.
Hoje vejo campanhas de aparelhos equivalentes em que a principal característica anunciada é a câmara fotográfica: resolução, ajustes, efeitos, qualidade final.
Já não é a capacidade de comunicação (voz ou dados) que importa. A fotografia, e o vídeo, passaram a ser a principal função (ou a mais apelativa) nos telemóveis ou smartphones.
Acredito que, nos tempos que correm, as capacidades de imagem desses aparelhos seja a primeira pergunta que é feita nas lojas. E que os vendedores do shopping, agora actualizados com as preferências de mercado, não estranhem e estejam à altura para responder.
Por mim, continuo a usar um desses, uma câmara de bolso ou uma reflex (e lamento não ter grande formato) de acordo com as necessidades do que quero fazer, a portatibilidade e o prazer que me dá manusear cada um desses aparelhos.
Mas, e acima de tudo, importa considerar que Fotografia é tudo aquilo que medeia entre o vermos algo (com os olhos da cara e os olhos da alma) e aquilo que mostramos aos demais e que possa entrar-lhes nos olhos e na alma.



By me

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