quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Sobre uma fotografia



Publiquei ontem uma fotografia e respectivo texto.
Nela mostrava um automóvel parado mesmo em frente a uma paragem de autocarro numa concorrida avenida e nele descrevia as circunstâncias em que tinha parado e a indiferença de quem o conduzia perante o autocarro que chegou e os passageiros que desembarcaram.
E publiquei isto em diversos espaços da internete, blogs e redes sociais.
Pois houve, de entre os diversos comentários que foram apostos, quem protestasse contra o facto de a matrícula da viatura estar bem nítida e me aconselhasse a omiti-la ou disfarça-la. Recordando-me, nos entretantos, que é ilegal a publicação de matrículas de automóveis.

Se o post original evidenciava o desprezo com que tantos automobilistas tratam os peões e as regras que os protegem, estes comentários apenas vieram reforçar a ideia original.
Que não observaram estas pessoas o que quer que fosse sobre as centenas de milhar de fotografias publicadas diariamente contendo imagens de pessoas, anónimas ou não. Figuras públicas ou meros transeuntes, captados ao abrigo da actual moda fotográfica “street photography”.
Pessoas que estão bem reconhecíveis, tal como o local e o que fazem ou como interagem com outros. Caminhando, beijando ternamente, repousando num jardim, caricatamente caindo ou descaradamente cometendo um delito ou crime.
Anónimos que nem sequer sabem que foram fotografados, quanto mais darem a sua autorização para tal ou para a divulgação. Pessoas que estão cuidando da sua vida e que, de súbito, a vêem escarrapachada “ad aeternum” na internete.
É crime, dizem-me, divulgar a matrícula de uma viatura. Pouco importante será o divulgar o retrato de alguém.

Suponho que o próximo passo, nesta guerra entre peões e automóveis, será o excluir os primeiros do espaço público para que não atrapalhem os segundos.

By me 

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