Tenho vindo a
afirmar, ao longo dos tempos, que o acto de fotografar é, entre outros aspectos,
um acto de cobiça e apropriação.
Claro que a
esmagadora maioria dos que me lêem, quer levem a fotografia mais a sério ou não,
quer façam dela um ofício ou um alimento de alma, contesta-me. Alguns
argumentando, outros apenas apelidando-me com variados epítetos, nem todos simpáticos.
Mas eu continuo na
minha:
Ao fotografarmos
estamos a criar um laço empático com o assunto, positivo porque gostamos,
negativo porque não gostamos, e queremos levar connosco aquilo que vimos e com
o qual reagimos.
Quer seja um pôr-do-sol
de férias, uma vitória desportiva, um confronto bélico, um rosto amado, um
rasgo de luz por entre a folhagem… até mesmo, e desde sempre, aquilo que a
nossa visão e câmara não viu mas que o conjunto das técnicas envolvidas permite
criar.
Vou baseando esta
minha afirmação naquilo que eu mesmo analiso sobre a minha pessoa enquanto fotógrafo,
as “confissões” que este ou aquele fotógrafo faz entre dois copos ou perante
uma assembleia, nos relatos e memórias que vou lendo aqui e ali…
Com o passar do
tempo tenho cada vez mais a certeza do que afirmo!
E ontem reforcei
essa certeza.
Numa daquelas
mini-feiras de livros, mais para despachar livros “encalhados” que outra coisa,
encontrei este, a preço da chuva.
Trata-se do livro
publicado em Portugal aquando da respectiva exposição em Cascais.
O texto de fundo e
que acompanha cada fotografia, escrito pelo fotógrafo, é elucidativo do que vai
na alma, mesmo de um profissional batido como era o caso. Pessoal e
profissionalmente.
Sugiro que cada um
que faz da fotografia a sua actividade, para alimentar o estômago ou a alma,
que faça um sincero exercício de auto análise. Sem divulgar as conclusões mas tão
só para que se conheça e às motivações interiores e profundas do uso da câmara
fotográfica.
E que, depois,
continue a fotografar como até aqui, tirando da actividade todo o prazer que
sabemos dar.
By me
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